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 Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar

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Beatriz Marinho
Priscila Teixeira
Hélia Cannizzaro
7 participantes
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Hélia Cannizzaro




Mensagens : 1065
Data de inscrição : 23/06/2013

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MensagemAssunto: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeTer maio 06, 2014 9:02 pm

A patologia reforça o conceito do normal e o normal quando bem conhecido identifica mais rápido e eficientemente a patologia. É na LP e submucosa do apêndice que inicia o processo inflamatório da apendicite. Na LP (TCF) e na submucosa (tecido conjuntivo denso) existem os nódulos linfáticos (=gânglios linfáticos) constituídos primordialmente de linfoblastos B no centro germinativo de Flemming e na periferia (=coroa) os linfócitos B maduros que secretam anticorpos de diferentes classes e subclasses. Além, de que, o tecido conjuntivo é habitat de outras células apresentadoras de antígenos que possuem em sua membrana MHC (major hystocompatibility complex) classe II que ativam linfócitos T e conseqüentemente esses ativam, através do TCR (T cell receptor), os linfócitos B, num conjunto de imunidade inata e adquirida, onde várias células estão envolvidas.
A apendicite aguda é um processo inflamatório agudo do apêndice. É a causa mais comum de abdômen agudo e a causa de cirurgia de urgência mais freqüente. A apendicite está relacionada à obstrução do lúmen (luz da cavidade oca) do apêndice cecal por hiperplasia linfóide (nódulos linfáticos). Essa obstrução pode levar estase, edema e super-crescimento bacteriano no interior do apêndice. A perfuração de todas túnicas histológicas (mucosa, submucosa, muscular externa e serosa), do apêndice, está presente em cerca de 60% dos adultos e 80% das crianças. As bactérias mais frequentemente isoladas em apendicites perfuradas são: Escherichia coli, Enterococcus e Bacteroides fragilis. A apendicite é suspeitada em qualquer paciente com dor abdominal aguda, inicialmente do tipo cólica, desconforto ou pirose (azia) na região epigástrica ou peri-umbilical, acompanhada de náuseas e que com o passar das horas localiza-se na fossa ilíaca direita (FID). Podem ocorrer outros sintomas e sinais como vômitos, diarréia, constipação, dificuldade de deambulação (andar) e febre baixa. Febre alta, taquicardia e prostração (fraqueza aguda) são mais frequentes na apendicite complicada (perfurada ou com abscesso). Presença do sinal de Blumberg (compressão e descompressão rápida na fossa ilíaca direita, com dor intensa). Sinal de Rovsing (Compressão com o punho fechado na fossa ilíaca esquerda, para deslocar o intestino para a direita, provocando dor na fossa ilíaca direita. Sinal de obturador (paciente em decúbito dorsal, fletir o membro inferior direito sobre o abdômen, provocando intensa dor). Sempre há uma leucocitose com desvio à esquerda (presença de células jovens) e presença de granulações tóxicas. O diagnóstico diferencial (DD) deve ser feito com obstrução intestinal, colecistite (vesícula biliar), abscesso do psoas, úlcera perfurada, cisto ou torção ou tumor de ovário, endometriose e complicações da doença de Crohn, gravidez ectópica rota, tumores abdominais. O Diagnóstico é sempre clínico (sinais e sintomas) complementado pelos exames laboratoriais, exames de imagem, ultra-sonografia, tomografia, ressonância e laparoscopia.
Exames laboratoriais – No hemograma há sempre uma leucocitose (até 18.000/mm3) com VHS sempre aumentado. No exame de urina há piúria (pus), albuminúria e hematúria.
Imagem – No RX o sinal mais importante é o acúmulo de fezes no ceco, níveis hidroaéreos, aumento da densidade das partes moles na FID, deformidade do ceco.
Ultra-Som – cálculo apendicular, espessamento da parede do apêndice, interrupção da continuidade ecogênica da submucosa.
Tomografia – Mais sensível. Dilatação do apêndice.
RMN – É sensível, mas de alto custo.
Laparoscopia – Altamente eficiente, e para especialista é possível, inclusive, tratamento.
Boletim operatório da apendicectomia (retirada do apêndice) Visão Preliminar. Inicialmente, cuidar da hidratação, antitérmicos e analgésicos, e antibióticos.
1. Anestesia geral, ou bloqueio peridural, ou raquidiano;
2. Posição do paciente em decúbito dorsal;
3. Cateterismo vesical (para controle do volume urinário);
4. Incisão preferencial (transversa na altura da FID = Elliot-Babcock, Davis – Rockey; Oblíqua = McArthur – Mc Burney infra-umbilical direita; laparotomia infra-umbilical direita; ou para mediana direita (Lenander);
5. Seccionar a aponeurose do músculo oblíquo externo e em seguida o músculo oblíquo interno e transverso do abdômen até expor a fáscia transversal e peritônio. Abrir a cavidade peritoneal em sentido transversal ou longitudinal. Colher material para a bacterioscopia e cultura de bactéria. Localizar o ceco com o dedo e seguir sua tênia anterior que termina na base do apêndice. Trazer o apêndice para fora da ferida cirúrgica desfazendo as aderências com cuidado. Seccionar. Drenar apenas se houver abscesso. Síntese (fechamento) com fio categute para o peritônio, fio absorvível para a aponeurose e fechamento da pele com fio de náilon aberta parcialmente para o caso de peritonite que evolua.
6. Obs.: Em caso de abdômen agudo com os procedimentos de lavagem abdominal, lembrar de úlcera perfurada.
7. Cuidados pós-operatórios - Antibioticoterapia venosa (de preferência ampicilina + gentamicina + metronidazol), analgésicos, antitérmicos, anti-eméticos (anti náuseas e vômitos), da ferida manter o curativo limpo e seco ao redor do dreno, estimular deambulação precoce (andar);
8. Boletim operatório da apendicectomia por laparoscopia (em breve).
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Priscila Teixeira




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Data de inscrição : 04/04/2014

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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeSex maio 16, 2014 12:27 pm

Eu encontrei um artigo científico que investigou os resultados imediatos do tratamento cirúrgico da apendicite aguda em faixas etárias mais elevadas, nos pacientes do Serviço de Cirurgia Geral e Coloproctologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC). E o que me chamou atenção no texto foi que o número de pacientes com menos de 40 anos (1124 ao todo) que realizaram Apendicectomia em certo período é muito maior do que o número dos que tinham mais de 40 anos (217 pacientes). Esse dado me impressionou, pois não sabia que existia relação entre a idade e a ocorrência de apendicite.
Priscila Teixeira Aroucha
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Beatriz Marinho




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Data de inscrição : 07/04/2014

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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeSex maio 16, 2014 1:53 pm

Eu também Priscila, até que eu pesquisando a incidência da apendicite no Brasil, encontrei um artigo que me apresentou algumas informações as quais achei relevante colocar aqui para todos. Very Happy 
O primeiro caso relatado foi em 1711, ou seja, além de ser uma doença frequente na população, também não é tão recente. Alguns dados epidemiológicos é que apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo de tratamento cirúrgico. É uma doença típica dos adolescentes e adultos jovens, e é incomum antes dos cinco e após os 50 anos. O risco geral de apendicite é de 1/35 em homens e 1/50 em mulheres. A partir dos 70 anos, este risco é de 1/1009,10.
A apendicite aguda parece mais frequentemente em países industrializados com hábito alimentar pobre em fibras11. Em estudo realizado em 1997, observou-se uma incidência anual de 1/1000 habitantes nos EUA e de 86/100.000 no mundo12.

O artigo está nesse site: http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=168

Vale muito a pena dá uma olhada.
Beatriz Marinho

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Luanna Rocha




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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeSex maio 16, 2014 6:05 pm

Achei interessante uma reportagem que falava de uma descoberta em 2007 na Universidade de Duke nos EUA sobre funções do apêndice. Segundo os pesquisadores, o apêndice abriga as bactérias que participam ativamente do processo digestivo, além de conter o tecido linfóide responsável pela proteção do mesmo. Esse dado acabou desmistificando um pouco a ideia de que o apêndice "é apenas um órgão vestigial sem função aparente" que ainda perdura em estudos na área.
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João.Pedro




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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeSex maio 16, 2014 8:54 pm

Mais a título de curiosidade:

Apendicectomia por videolaparoscopia.
 Apendicectomia por videolaparoscopia.
Apendicectomia Convencional.
Apendicectomia Convencional.
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arthurMorais




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Data de inscrição : 02/04/2014

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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeSex maio 16, 2014 9:29 pm

Conversei com uns profissionais do HR e soube que essa é a cirurgia mais comum em emergência, como principalmente em crianças.
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João.Pedro




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Data de inscrição : 07/04/2014

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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeSex maio 16, 2014 9:33 pm

Alguns recortes interessantes de um artigo, falando sobre o uso de técnicas de imagem para diagnosticar a causa do abdomem agudo não traumático. No caso, me detive a possibilidade dessa causa ser uma apendicite, que é cerca de 4% das causas de abdome agudo, sendo a causa inflamatória mais frequente da cavidade abdominal.

Até um terço dos pacientes com suspeita de apendicite apresenta quadro clínico e laboratorial atípico, situação na qual os exames de imagem podem ser imperativos.
Dentre os métodos de imagem podem ser utilizados por exemplo a radiogradia simples, a ultrasonografia(US), a tomografia computadurizada

A radiografia simples do abdome, por vezes, sugere o diagnóstico através da identificação do apendicolito.
Em certo estudo, a radiologia convencional foi diagnóstica em apenas um caso (12,50%) de um total de oito pacientes com apendicite aguda. Este resultado está de acordo com outros autores que demonstraram, mais recentemente, a presença de apendicolito em 7 a 14% destes pacientes.

A US é, no entanto, o método inicial de eleição na investigação da dor na fossa ilíaca direita, utilizando-se sobretudo a técnica de Puylaert, que apresenta sensibilidade entre 80 a 90% e especificidade entre 95 a 100%. Essa técnica consiste em uma compressão do transdutor no ponto doloroso de forma gradual, porém firme, nos planos axial, longitudinal e oblíquo. O apêndice cecal não compressível, com diâmetro acima de 6mm ou espessura da parede muscular maior que 3mm é considerado anormal. Outros sinais como massa complexa, espessamento do epíplon ou, até mesmo, coleções associadas facilitam ainda mais este diagnóstico.

O exame ultrassonográfico tem sido amplamente utilizado no diagnóstico de apendicite aguda, em virtude do seu baixo custo, da sua grande disponibilidade e por ser inócuo, apresentando sensibilidade e especificidade que variam de 75% a 93% e de 91% a 100%, respectivamente. Todavia, trata-se de um método operador-dependente, que requer alta capacitação e experiência do examinador, devendo-se salientar ainda a dificuldade do exame em pacientes obesos ou com dor abdominal intensa e naqueles com apêndice retrocecal, quando não é possível implementar a técnica de compressão progressiva do apêndice, considerada ideal para otimizar os resultados da US.

Estudos semelhantes,utilizando a administração do meio de contraste IV e VO, demonstraram 98% de sensibilidade, 83% de especificidade e 93% de acurácia para o diagnóstico de apendicite. Mais recentemente, outros autores, como Lane et al.12,13 e Ege et al.14, usando técnica espiral e sem o uso de meio de contraste, demonstraram sensibilidade de 90%, 96% e 96%, especificidade de 97%, 99% e 98% e acurácia de 94%, 97% e 97%, respectivamente. Rao et al.15 relatam ainda que a eficácia deste método pode ser otimizada através da utilização de meio de contraste VR e descrevem valores de sensibilidade, especificidade e acurácia de 98%. Mullins et al.16, ainda utilizando esta técnica em crianças, observaram sensibilidade de 97%, especificidade de 99% e acurácia de 96%9; o que é bastante interessante haja vista as dificuldades da administração do meio de contraste em pacientes pediátricos.

O primeiro critério estabelecido por Malone et al.17 para o diagnóstico de apendicite na Tomografia Computadorizada sem contraste foi o espessamento apendicular superior a 6mm, com alterações inflamatórias periapendiculares associadas (Fig. 3). As presenças de apendicolito, de inflamação periapendicular e de espessamento da fáscia látero-conal foram considerados achados secundários. Outros trabalhos mostraram que o apêndice pode ser considerado normal até 8mm de espessura e que mesmo apêndices mais espessos foram encontrados em pacientes normais e assintomáticos.

Por outro lado, a ausência de gordura intra-abdominal, bem como a localização pélvica do ceco, demonstraram ser fatores limitantes na interpretação de alguns exames de TC sem contraste.

Os diversos estudos que avaliaram o papel da TC sem contraste IV na apendicite aguda mostraram elevada eficácia. O exame é bem tolerado mesmo por pacientes muito debilitados, relativamente, livre de riscos e não é operador-dependente. Foi demonstrado que o uso rotineiro dessa técnica pode reduzir custos hospitalares e ainda melhorar a assistência ao paciente, devido ao aprimoramento da acurácia diagnóstica pré-operatória, reduzindo consideravelmente o número de laparotomias "brancas"; todavia ainda não há consenso absoluto quanto à exclusão do uso de contraste por VO, VR ou IV11.

texto completo e com imagens em: http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=166
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Helysânia Shádylla




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Data de inscrição : 02/04/2014

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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitimeSex maio 30, 2014 12:13 am

Professora, em uma emergência quais sintomas específicos definem que se trata de apendicite e um exame de RX apenas é suficiente para detectar, com certeza, o problema? Além disso, como chego a conclusão que a cirurgia tem que ser com urgência?
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MensagemAssunto: Re: Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar   Apendicite e Apendicectomia (retirada) - Visão Preliminar Icon_minitime

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