Lobectomia (Retirada Cirúrgica do Lobo Pulmonar - Visão Preliminar)

OBS.: ESTE SETOR DO CV TRATARÁ DE VÁRIOS BOLETINS CIRÚRGICOS, COMO INTERESSE DE
VISÃO, PRINCIPALMENTE, ANATÔMICA. TUDO NUMA ABORDAGEM PRELIMINAR.
A lobectomia tem várias indicações: tumor, tuberculose, etc.

BOLETIM OPERATÓRIO DA LOBECTOMIA (=retirada) PULMONAR
Cuidados Iniciais
Garantir reserva de sangue e de vaga na UTI.
Acesso venoso instalado e seguro.
Antibioticoprofilaxia (ex.: cefazolina ou cefalotina) iniciada na indução anestésica ou uma hora antes. Monitorização por ECG, estetoscópio fixado no precórdio, e gasometria.
Cateterismo vesical (=bexiga) para monitorar volume urinário (normal: 1200 a 1500ml/24horas).

Anestesia - Anestesia geral.
Posição do Paciente - Decúbito lateral.
Coxim na altura da escápula para proteção do plexo braquial.
Proteção dos MMIIs com travesseiro.

Acesso - Toracotomia (abertura do tórax) postero-lateral no quarto ou quinto espaço intercostal.

Tempos Cirúrgicos Principais
1. Abrir a cavidade torácica e colocar o afastador de Finochieto de tamanho apropriado para o paciente;
2. Localizar, identificar e avaliar a extensão da lesão;
3. Definir o segmento ou lobo pulmonar a ser ressecado;
4. Dissecar cuidadosamente o hilo pulmonar e identificar os vasos correspondentes ao lobo acometido;
5. Fazer a ligadura dupla transfixante dos ramos da artéria e veia pulmonares com fio inabsorvível;
6. Seccionar o brônquio e suturar seu coto proximal com fio inabsorvível (polipropileno, PROLENE) ou absorvível de longa duração (polidioxanona, PDS);
7. Remover a peça cirúrgica;
8. Revisar cuidadosamente a hemostasia (sangramento);
9. Pesquisar escape aéreo brônquico ou pleural inundando a área com solução salina e solicitando ao anestesista uma hiperinsuflação pulmonar (“manobra do borracheiro”);
10. Fazer a drenagem torácica aberta;
11. Considerar a necessidade de implante de cateter intrapleural para analgesia pós-operatória;
12. Fazer a síntese (fechamento) da parede torácica por planos anatômicos e histológicos.

Achei o assunto tratado bastante interessante pois não é uma questão muito conhecida pela sociedade em geral, pesquisando mais sobre o assunto descobri detalhes interessantes sobre o assunto, tais como: Pode-se ocorrer casos em que seja necessário a retirada de todo o pulmão, direito ou esquerdo (pneumonectomia) e casos em que seja preciso retirar apenas um segmento de um pulmão (segmentectomia), os casos mais comuns onde se é indicado a cirurgia de lobectomia são no tratamento de carcinoma broncogênico, de enfisema gigante, tumores benignos, tumores malignos metastásicos, bronquiectasias e infecções fúngicas.
As lobectomias podem ser divididades de acordo com o lobo pulmonar a ser resseccionado, exemplo: lobectomia superior direita (na qual é retirado o lóbulo superior do pulmão direito).
Outra curiosidade em relacao a essa cirurgia é que nela, de modo geral, quando se atinge a cavidade pleural o pulmão envolvido colapsa, os vasos lobares e os brônquios são ligados e divididos e após a remoção do lobo doente os que restaram são reexpandidos.
Abaixo há uma imagem esquematizando uma cirurgia deste tipo, no caso uma lobectomia inferior direita." />

Li que em alguns casos em que a lesão não é muito grande o problema pode ser solucionado com um processo menos invasivo do a toracotomia, por meio de uma cirurgia torácica videoassistida. Neste procedimento um tubo fino e rígido com uma pequena câmara de vídeo na extremidade é colocado através de um pequeno orifício na parte lateral da caixa torácica para ajudar o cirurgião a visualizar a cavidade torácica em um monitor de TV. Um ou dois outros pequenos furos são feitos na pele, e instrumentos serão inseridos ​​para realizar a mesma operação que seria feita usando uma abordagem aberta (toracotomia). Uma das incisões será ampliada se uma lobectomia ou pneumonectomia for necessária, para permitir a remoção da amostra.

Lendo sobre a tuberculose e a lobectomia descobri que a tuberculose, uma infecção bacteriana crônica de distribuição mundial, ainda é a segunda maior causa de morte por doença infecciosa no mundo,são registrados todos os anos 8 milhões de novos casos. Além disso, a bactéria causadora da tuberculose é o agente oportunista mais associado ao vírus HIV. Apesar de tudo isso, a aderência total dos pacientes ao longo tratamento alcança quase que 100% de sucesso, desde que o bacilo não seja resistente ao fármaco. Esse cenário tinha levado na década de 1970 ao quase desaparecimento do tratamento cirúrgico da tuberculose. Contudo com vários casos de baixa adesão ao tramento e o aumento dos casos de tuberculose pulmonar multirresistente (TPMR), a cirurgia ressurgiu como tratamento.

É importante perceber que o número de casos de pacientes com TPMR está aumentando, isso pode estar significativamente associado à sobrevida dada pelos tratamentos, o que nos leva à uma discussão interessante sobre os impactos do tratamento e responsabilização pela adesão dos pacientes ao tratamento. A partir do momento em que um paciente não adere completamente ao tratamento, isso não reflete apenas nele, já que ele se torna vetor de contaminação da bactéria.
O tratamento padrão é a utilização de fármacos, contudo em determinadas situações, o tratamento cirúrgico se faz necessário, sobretudo quando a infecção está em um estado avançado ou a bactéria é resistente aos fármacos. Percebamos que a retirada completa do pulmão é a alternativa mais escolhida do que a lobectomia, isso é reflexo de índices de baixa adesão ao tratamento.
Eis que como estudante de medicina me surge um dilema, como obrigar um doente a se tratar?
Sei que mais do que garantir o acesso de uma pessoa à saúde, devemos  promover e proteger a saúde da população, mas, em determinadas situações, como garantir um ganho coletivo, sem ferir direitos individuais? Como obrigar alguém a fazer uma cirurgia?

Professora, por esse método o risco de uma lesão na coluna vertebral, ou em sua região, não é grande? Ou há algo que evite isso?

Rodrigo
Muito bom.

rodrigolmb escreveu:

Achei o assunto tratado bastante interessante pois não é uma questão muito conhecida pela sociedade em geral, pesquisando mais sobre o assunto descobri detalhes interessantes sobre o assunto, tais como: Pode-se ocorrer casos em que seja necessário a retirada de todo o pulmão, direito ou esquerdo (pneumonectomia) e casos em que seja preciso retirar apenas um segmento de um pulmão (segmentectomia), os casos mais comuns onde se é indicado a cirurgia de lobectomia são no tratamento de carcinoma broncogênico, de enfisema gigante, tumores benignos, tumores malignos metastásicos, bronquiectasias e infecções fúngicas.
As lobectomias podem ser divididades de acordo com o lobo pulmonar a ser resseccionado, exemplo: lobectomia superior direita (na qual é retirado o lóbulo superior do pulmão direito).
Outra curiosidade em relacao a essa cirurgia é que nela, de modo geral, quando se atinge a cavidade pleural o pulmão envolvido colapsa, os vasos lobares e os brônquios são ligados e divididos e após a remoção do lobo doente os que restaram são reexpandidos.
Abaixo há uma imagem esquematizando uma cirurgia deste tipo, no caso uma lobectomia inferior direita." />

Victor Costa
Lido

Victor Costa escreveu:

Li que em alguns casos em que a lesão não é muito grande o problema pode ser solucionado com um processo menos invasivo do a toracotomia, por meio de uma cirurgia torácica videoassistida. Neste procedimento um tubo fino e rígido com uma pequena câmara de vídeo na extremidade é colocado através de um pequeno orifício na parte lateral da caixa torácica para ajudar o cirurgião a visualizar a cavidade torácica em um monitor de TV. Um ou dois outros pequenos furos são feitos na pele, e instrumentos serão inseridos ​​para realizar a mesma operação que seria feita usando uma abordagem aberta (toracotomia). Uma das incisões será ampliada se uma lobectomia ou pneumonectomia for necessária, para permitir a remoção da amostra.

Gustavo Cauê
Grande contribuição.
Agradeçamos à Pesquisa, em todos os aspectos, e do que Gustavo cita: da multirresistência.

GUSTAVO CAUE escreveu:

Lendo sobre a tuberculose e a lobectomia descobri que a tuberculose, uma infecção bacteriana crônica de distribuição mundial, ainda é a segunda maior causa de morte por doença infecciosa no mundo,são registrados todos os anos 8 milhões de novos casos. Além disso, a bactéria causadora da tuberculose é o agente oportunista mais associado ao vírus HIV. Apesar de tudo isso, a aderência total dos pacientes ao longo tratamento alcança quase que 100% de sucesso, desde que o bacilo não seja resistente ao fármaco. Esse cenário tinha levado na década de 1970 ao quase desaparecimento do tratamento cirúrgico da tuberculose. Contudo com vários casos de baixa adesão ao tramento e o aumento dos casos de tuberculose pulmonar multirresistente (TPMR), a cirurgia ressurgiu como tratamento.

É importante perceber que o número de casos de pacientes com TPMR está aumentando, isso pode estar significativamente associado à sobrevida dada pelos tratamentos, o que nos leva à uma discussão interessante sobre os impactos do tratamento e responsabilização pela adesão dos pacientes ao tratamento. A partir do momento em que um paciente não adere completamente ao tratamento, isso não reflete apenas nele, já que ele se torna vetor de contaminação da bactéria.
O tratamento padrão é a utilização de fármacos, contudo em determinadas situações, o tratamento cirúrgico se faz necessário, sobretudo quando a infecção está em um estado avançado ou a bactéria é resistente aos fármacos. Percebamos que a retirada completa do pulmão é a alternativa mais escolhida do que a lobectomia, isso é reflexo de índices de baixa adesão ao tratamento.
Eis que como estudante de medicina me surge um dilema, como obrigar um doente a se tratar?
Sei que mais do que garantir o acesso de uma pessoa à saúde, devemos  promover e proteger a saúde da população, mas, em determinadas situações, como garantir um ganho coletivo, sem ferir direitos individuais? Como obrigar alguém a fazer uma cirurgia?

Renata Vaz
Em medicina, há sempre riscos. O cirurgião, interessado neste tema,
torna-se fundamental, à sociedade, quando obedece e/ou cria técnicas
que minimize riscos.
Como Clínicos, que somos, durante o curso médico e durante toda vida
profissional aprendemos os passos cirúrgicos, para fazer "as provas"
e na vida conhecer o paciente melhor clinicamente no pré e pós-operatório.
Este tema específico, "manobra de proteção da coluna vertebral", é de domínio restrito do cirurgião.

Renata Vaz escreveu:

Professora, por esse método o risco de uma lesão na coluna vertebral, ou em sua região, não é grande? Ou há algo que evite isso?