Doença Celíaca = Enteropatia do Glúten (Laboratório)

O que é Enteropatia (entero=intestino; patia = patologia, doença) do Glúten ou Doença Celíaca?
Esses pacientes estão privados de algum(ns) tipo (s) alimenta (res)?
Esta doença é frequente entre nós brasileiros?
Veja abaixo os exames laboratoriais para diagnóstico.
1. Presença de esteatorréia demonstrável pela positividade à coloração pelo Sudan (que cora as gorduras, em negro), em 2 ou mais amostras de fezes, ou pela determinação quantitativa do total de gordura acumulada em amostras fecais colhidas durante um período de 72 horas;
2. O teste de tolerância à xilose permite o estabelecimento do DD (diagnóstico diferencial) entre má absorção secundária ao comprometimento do transporte através da mucosa enferma e a má absorção decorrente do comprometimento da digestão na luz intestinal;
3. A biópsia do intestino delgado demonstra a presença de lesões características da mucosa. Desta forma, os pacientes não devem ser colocados sob uma dieta sem glúten antes que a histologia intestinal tenha sido estudada;
4. O diagnóstico final requer uma "prova terapêutica" da dieta sem glúten e de uma documentação de que a mucosa intestinal reverteu ao padrão normal. A biópsia deve ser repetida a cada 6 ou 12 meses;
5. Deve-se pesquisar a presença de anticorpos antigliadina (IgG e IgA) e anticorpos antiendomisial (IgA).
ESTAMOS DIANTE DE UMA DIARREIA INEXPLICADA E UM QUADRO DE MÁ ABSORÇÃO, QUE SE CHAMA Espru Celíaco ou Doença Celíaca ou Enteropatia do Glúten ou Espru Não-Tropical ou Esteatorréia Idiopática.

Professora, li que a doença celíaca é causada pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, centeio entre outros e seus derivados, como massas, pizzas, bolos, pães, biscoitos...A ingesta de glúten a quem tem intolerância causa danos à mucosa intestinal e por isso acarreta em má absorção de nutrientes. Como a digestão da gordura ingerida ocorre no intestino delgado, o dano à essa mucosa e consequente má absorção da gordura leva a esteatorreia. E esse é um dos indicadores para diagnóstico da doença como a senhora falou.
Li que a doença celíaca pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum diagnóstico em crianças entre 1 e 3 anos, pois é justamente nessa idade que alimentos com glúten são adicionados à dieta. Sintomas característicos são: diarréia crônica, desnutrição com déficit do crescimento, anemia ferropriva, emagrecimento e falta de apetite, distensão abdominal (barriga inchada), vômitos, dor abdominal. Caso não tratada, a doença pode levar a osteoporose por exemplo. E pelo que li, o único tratamento é a dieta com ausência total de glúten.

Ok

deabasto escreveu:

Professora, li que a doença celíaca é causada pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, centeio entre outros e seus derivados, como massas, pizzas, bolos, pães, biscoitos...A ingesta de glúten a quem tem intolerância causa danos à mucosa intestinal e por isso acarreta em má absorção de nutrientes. Como a digestão da gordura ingerida ocorre no intestino delgado, o dano à essa mucosa e consequente má absorção da gordura leva a esteatorreia. E esse é um dos indicadores para diagnóstico da doença como a senhora falou.
Li que a doença celíaca pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum diagnóstico em crianças entre 1 e 3 anos, pois é justamente nessa idade que alimentos com glúten são adicionados à dieta. Sintomas característicos são: diarréia crônica, desnutrição com déficit do crescimento, anemia ferropriva, emagrecimento e falta de apetite, distensão abdominal (barriga inchada), vômitos, dor abdominal. Caso não tratada, a doença pode levar a osteoporose por exemplo. E pelo que li, o único tratamento é a dieta com ausência total de glúten.

Professora Hélia,


Saulo

Ótimo, Saulo Xavier
Mais uma vez, a importância fenotípica molecular determinada por HLA
(Hystocompatoibility Leucocyte Antigen).
Diversas patologias a serem determinadas no ventre materno, e da
precocidade terapêutica e, consequente, melhor prognóstico.
Muito bom.

Saulo.Xavier escreveu:

Professora Hélia,

Acredito que vale a pena acrescentar um fato ainda desconhecido por muitos e que é deveras interessante: a relação da Doença Celíaca e a Diabetes Mellitus Tipo I (infância).
A relação entre Doença Celíaca e doenças auto-imunes, como a Diabetes Mellitus Tipo I (DM1), é conhecida de longa data pelos profissionais da área de saúde. A prevalência de doença celíaca entre portadores de DM1 tem sido estimada em cerca de 4%, o que supera consideravelmente a prevalência da população geral (0,5% e 1%).
Fatores genéticos aparentam ser os principais motivos para tal associação. Descobriu-se que a principal determinante dessa susceptibilidade é uma região cromossômica conhecida como HLA, compartilhada pela DM1, doença celíaca e outras doenças auto-imunes.
Um ponto interessantíssimo é o fato de a maioria dos pacientes com DM1 e doença celíaca relatar pouco ou até nenhum sintoma relacionado à má-absorção, e quando presentes, geralmente são leves e observados apenas retrospectivamente; ou seja, a doença se manifesta de uma maneira considerada subclínica. Sintomas clássicos, como diarréia e dor abdominal, podem não estar presente em muitas dessas crianças.

Saulo

A doença celíaca promove a linfocitose intraepitelial e uma remodelação da estrutura das vilosidades. Outros fatores, contudo, podem também causar as mesmas adaptações: injúria peptídica, injúria medicamentosa, gastrite alérgica, enteropatia autoimune e outras doenças imunológicas. O que observa-se é um overlap entre patologias do sistema imunológico e a doença celíaca. Dessa maneira, um diagnóstico requer uma investigação dos fatores envolvidos, pois existem vários quadros histológicos semelhantes. A histopatologia e a detecção do autoanti-corpo, nesse caso, não são suficientes. A DC (doença celíaca) foi identificada, na maioria dos casos, como HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 positiva (fatores genéticos de risco), constituindo uma importante pista, a qual não é absoluta, ainda, para a identificação patológica. Recentemente, um importante biomarcador foi lançado, o REG Iα, envolvido na regeneração tecidual e presente na inflamação após a ingestão do glúten.

Acho interessante compreender a doença celíaca tal qual um processo moderno. A sua compreensão exige uma medicina nutricional e essa abordagem é bastante negligenciada no ensino superior.

Achei interessante que a doença acomete aproximadamente 1% da população mundial. Observa-se, contudo, um fenômeno social de aversão ao consumo de glúten por pessoas que não são intolerantes, uma vez que consideram uma associação direta entre glúten e obesidade. O glúten tornou-se, então, um mito popular.

É necessário considerar que o glúten possui, sim, um cunho inflamatório e está presente em grande parte dos produtos industrializados. Deveria-se, então, evitá-los. Nessa observação, considero relevante o cunho político da indústria alimentícia, o qual, constantemente, desconsideramos.

Eu acho interessante observar como a doença celíaca (DC) já é uma velha conhecida da humanidade, mas como apenas recentemente adquirimos conhecimento sobre ela. Acredita-se que uma não-adaptação, por uma parte da população, aos novos hábitos alimentares surgidos no neolítico (quando a agricultura se estabeleceu e cereais tornaram-se mais frequentes na alimentação), teria gerado várias intolerâncias alimentares. A doença celíaca teria sido primeiramente descrita pelo médico grego Aretaeus da Capadócia, no século II d.C., como um mal onde ocorria diarreia crônica e um estado geral muito debilitado. Mas a análise da DC sob uma ótica mais moderna ocorreu apenas em 1887, através de Samuel Gee, que a chamou de afecção celíaca. E apenas em meados do século XX, após o racionamento imposto pela 2ª guerra mundial, que Willem-Karel Dicke, um pediatra holandês, associou a escassez de cereais na alimentação da época com a melhora ocorrida em crianças com a doença, que voltaram a piorar com a reintrodução destes alimentos na dieta. Finalmente, em 1962 demonstrou-se que o glúten era o responsável pelas mudanças na mucosa intestinal. A partir de então, identificou-se os fatores genéticos e imunológicos associados à doença.

Professora, respondendo as perguntas encontrei o seguinte:
- Esses pacientes estão privados de algum(ns) tipo (s) alimenta (res)?
O verdadeiro tratamento é dietético excluindo definitivamente o consumo de glutén. Caso contrário, as chances de se ter câncer e morte são enormes. Deve-se observar sempre ao consumir alimentos industrializados se há glutén, pois hoje a indústria alimentícia já coloca a informação na embalagem e já tem uma variedade de alimentos SEM glúten, devido a alta incidência desta doença em meio aos brasileiros. Os alimentos proibidos são: TRIGO, AVEIA, CEVADA, MALTE, CERVEJA, WHISKY, VODKA, GIN, LEITES ACHOCOLATADOS, QUEIJOS, MAIONESE, CATCHUP, MOSTARDA, TEMPEROS INDUSTRIALIZADOS, ETC.


- Esta doença é frequente entre nós brasileiros?
Pode ser diagnosticada em qualquer época da vida e atualmente estima-se que a cada 400 brasileiros 1 seja celíaco. Essa doença não é comum entre negros e orientais, porém no Brasil devido a miscigenação essa barreira étnica-racial está sendo rompida e cada vez mais pessoas afrodescendentes estão sendo acometidas. Na europa a prevalência oscila entre 1:150 e 1:300 (casos/habitante), enquanto em locais como São Paulo e Brasília estima-se a incidência da doença em 1:214 e 1:681. Esta constatação coloca o Brasil ao nível da europa, população mais afetada.

Ótimo texto.

sarasadok escreveu:

A doença celíaca promove a linfocitose intraepitelial e uma remodelação da estrutura das vilosidades. Outros fatores, contudo, podem também causar as mesmas adaptações: injúria peptídica, injúria medicamentosa, gastrite alérgica, enteropatia autoimune e outras doenças imunológicas. O que observa-se é um overlap entre patologias do sistema imunológico e a doença celíaca. Dessa maneira, um diagnóstico requer uma investigação dos fatores envolvidos, pois existem vários quadros histológicos semelhantes. A histopatologia e a detecção do autoanti-corpo, nesse caso, não são suficientes. A DC (doença celíaca) foi identificada, na maioria dos casos, como HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 positiva (fatores genéticos de risco), constituindo uma importante pista, a qual não é absoluta, ainda, para a identificação patológica. Recentemente, um importante biomarcador foi lançado, o REG Iα, envolvido na regeneração tecidual e presente na inflamação após a ingestão do glúten.

Acho interessante compreender a doença celíaca tal qual um processo moderno. A sua compreensão exige uma medicina nutricional e essa abordagem é bastante negligenciada no ensino superior.

Achei interessante que a doença acomete aproximadamente 1% da população mundial. Observa-se, contudo, um fenômeno social de aversão ao consumo de glúten por pessoas que não são intolerantes, uma vez que consideram uma associação direta entre glúten e obesidade. O glúten tornou-se, então, um mito popular.

É necessário considerar que o glúten possui, sim, um cunho inflamatório e está presente em grande parte dos produtos industrializados. Deveria-se, então, evitá-los. Nessa observação, considero relevante o cunho político da indústria alimentícia, o qual, constantemente, desconsideramos.

Joane Dias. Algumas informações que eu desconhecia.
Foi ótimo.

Joane Dias escreveu:

Eu acho interessante observar como a doença celíaca (DC) já é uma velha conhecida da humanidade, mas como apenas recentemente adquirimos conhecimento sobre ela. Acredita-se que uma não-adaptação, por uma parte da população, aos novos hábitos alimentares surgidos no neolítico (quando a agricultura se estabeleceu e cereais tornaram-se mais frequentes na alimentação), teria gerado várias intolerâncias alimentares. A doença celíaca teria sido primeiramente descrita pelo médico grego Aretaeus da Capadócia, no século II d.C., como um mal onde ocorria diarreia crônica e um estado geral muito debilitado. Mas a análise da DC sob uma ótica mais moderna ocorreu apenas em 1887, através de Samuel Gee, que a chamou de afecção celíaca. E apenas em meados do século XX, após o racionamento imposto pela 2ª guerra mundial, que Willem-Karel Dicke, um pediatra holandês, associou a escassez de cereais na alimentação da época com a melhora ocorrida em crianças com a doença, que voltaram a piorar com a reintrodução destes alimentos na dieta. Finalmente, em 1962 demonstrou-se que o glúten era o responsável pelas mudanças na mucosa intestinal. A partir de então, identificou-se os fatores genéticos e imunológicos associados à doença.

Ok, Helysânia

Helysânia Shádylla escreveu:

Professora, respondendo as perguntas encontrei o seguinte:
- Esses pacientes estão privados de algum(ns) tipo (s) alimenta (res)?
O verdadeiro tratamento é dietético excluindo definitivamente o consumo de glutén. Caso contrário, as chances de se ter câncer e morte são enormes. Deve-se observar sempre ao consumir alimentos industrializados se há glutén, pois hoje a indústria alimentícia já coloca a informação na embalagem e já tem uma variedade de alimentos SEM glúten, devido a alta incidência desta doença em meio aos brasileiros. Os alimentos proibidos são: TRIGO, AVEIA, CEVADA, MALTE, CERVEJA, WHISKY, VODKA, GIN, LEITES ACHOCOLATADOS, QUEIJOS, MAIONESE, CATCHUP, MOSTARDA, TEMPEROS INDUSTRIALIZADOS, ETC.


- Esta doença é frequente entre nós brasileiros?
Pode ser diagnosticada em qualquer época da vida e atualmente estima-se que a cada 400 brasileiros 1 seja celíaco. Essa doença não é comum entre negros e orientais, porém no Brasil devido a miscigenação essa barreira étnica-racial está sendo rompida e cada vez mais pessoas afrodescendentes estão sendo acometidas. Na europa a prevalência oscila entre 1:150 e 1:300 (casos/habitante), enquanto em locais como São Paulo e Brasília estima-se a incidência da doença em 1:214 e 1:681. Esta constatação coloca o Brasil ao nível da europa, população mais afetada.