Relato de Caso - Megacólon Chagásico Congênito

Olá, professora e colegas,

estava dando uma lida em alguns artigos relacionados ao TGI, e achei esse interessante: "Megacólon Chagásico Congênito".
É um relato de caso sobre um "um recém-nascido anencéfalo com oito dias de vida, que à autópsia apresentava grande dilatação do cólon descendente, acompanhada de alterações degenerativas e inflamatórias dos plexos mioentéricos e parasitismo de células volumosas, de núcleos gigantes e vacuolados, por form as amastigotas de Trypanosoma cruzi, exclusivamente no intestino grosso. A s alterações colônicas foram as únicas manifestações da doença de Chagas."

Achei bem interessante!
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v19n3/08.pdf

Emanuelle S Pereira

Cara Emanuelle e colegas,

Achei muito legal levantar a questão da doença de Chagas aqui no fórum, pois sabemos que esta doença, causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, continua sendo um grave problema de saúde na América Latina. A fisiopatologia da doença ocorre quando o protozoário ataca as células de determinados órgãos, se multiplica dentro das células hospedeiras, e, devido ao número excessivamente grande de parasitas dentro da célula, esta se rompe e libera diversos mediadores da inflamação. O T. cruzi possui afinidade especial pelo tecido cardíaco e pelo tecido do TGI (trato gastrointestinal), podendo a doença adquirir, por este motivo, uma forma crônica cardíaca ou uma forma crônica digestiva.
Li em muitos lugares, em artigos científicos inclusive, que na forma digestiva da doença de chagas, esta pode causar o megacólon (referido no artigo que Emanuelle supracitou), e esta alteração do TGI ocorre devido devido ao comprometimento do sistema nervoso autônomo (plexos mioentéricos) pela doença de Chagas. Surge uma dúvida: como o mesmo parasita possui afinidade tão diferente, podendo atacar tanto o músculo cardíaco quanto os plexos intramurais colônicos?

Obs.: acho que nós, como estudantes de medicina de um país latino, temos a obrigação de conhecer estas doenças que muito acometem a nossa população, como malária e chagas, pois são problemas de saúde pública com os quais iremos dos deparar na nossa prática médica.

obs2.: segue um link que dá uma visão bem geral a respeito da doença de chagas, e um outro que se aprofunda sobre o megacólon chagásico. Boas leituras!!

http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=93
http://www.sbcp.org.br/revista/nbr224/P266_277.htm

Bárbara Santana Alencar

Caras colegas,

Bárbara, concordo com vc qdo vc diz que é necessário conhecermos a fundo essas doenças que vc citou por morarmos num país endêmico e fatalmente iremos nos deparar com elas. Essas doenças são tb conhecidas como doenças negligenciadas, pois a indústria farmacêutica não demonstra muito interesse em pesquisa de medicamentos com eficiência para essas doenças, visto que elas acometem os pobres, aqueles que não poderão comprar os medicamentos e, assim, não darão a eles o retorno esperado... É lamentável, mas é um fato.

Gostaria de acrescentar aqui um artigo que li recentemente sobre o  megacólon congênito não chagásico, ocasionado pela ausência dos neurônios intramurais dos plexos nervosos parassimpáticos, afetando o intestino grosso, em geral, nos seus segmentos mais distais, como o reto e o cólon sigmóide. Pode ser interessante ressaltar esse ponto aqui pois são doenças com sintomas muito parecidos, senão iguais, mas com causas completamente diferentes! Certa vez, tive a oportunidade de conhecer uma criança em tratamento de megacólon congênito e pude perceber como é sofrido para a criança e sua família! O tratamento se arrasta por meses e traz muitos desconfortos, além de mais de um procedimento cirúrgico.

Segue o link do artigo. Ótima leitura!

http://www.sbcp.org.br/revista/nbr223/P196_209.htm

Emanuelle Pereira
Eu não sei se já informei anteriormente. Na minha tese de doutorado (que enviarei em breve os artigos científicos)
trabalhei com as seguintes co-infecção de AIDS: Trypanosoma cruzi, Toxoplasma gondii e Leishmania chagasi e amazonensis (hepática e pele, respectivamente).
In vivo, T. cruzi aumentou de forma significativa a replicação viral (que avaliávamos com p24 HIV-1, uma proteína de capsídeo bem mais resistente que a transcriptase reversa muito lábil - com riscos de falso negativo). O mesmo ocorrendo com T. gondii e Leishmania. Inclusive, a maior parte dos aidéticos com T. gondii morrem por encefalopatia (rompimento de bradizoítos no cérebro).
Na Área de Segurança Máxima da Fiocruz (durante 6 anos) observamos o mesmo com sangue de africanos HIV-2 com as mesmas co-infecções.
Depois partimos para purificar o Ag (=antígeno) mais violento desses referidos agentes etiológicos denominados GPI-mucina (glicosilfosfatidilinositol - mucina) e trabalharmos agora in vitro para conhecimentos mais aprofundados dos mecanismos de ação. Meu orientador é nova-iorquino (R. Gazzinelli) e o co-orientador árabe (Dumith Chequer Bou Habib).
Vou enviar os trabalhos para você. Bom você ter tocado neste tema e não pensarmos que só existe co-infecção com Pneumocystis carinni. A história e estória do Trópico de Câncer se faz diferente.
Um abraço,
Hélia Cannizzaro

Emanuelle S Pereira escreveu:

Olá, professora e colegas,

estava dando uma lida em alguns artigos relacionados ao TGI, e achei esse interessante: "Megacólon Chagásico Congênito".
É um relato de caso sobre um "um recém-nascido anencéfalo com oito dias de vida, que à autópsia apresentava grande dilatação do cólon descendente, acompanhada de alterações degenerativas e inflamatórias dos plexos mioentéricos e parasitismo de células volumosas, de núcleos gigantes e vacuolados, por form as amastigotas de Trypanosoma cruzi, exclusivamente no intestino grosso. A s alterações colônicas foram as únicas manifestações da doença de Chagas."

Achei bem interessante!
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v19n3/08.pdf

Emanuelle S Pereira