Rair de Menezes
Como foi oportuno e bom ler este seu texto que tanto interessa à Imunologia e por sua grande ocorrência.
Você foi preciso quando relatou a Histologia na mucosa da RU, diferente da enterite regional (DC).
Não existem achados patognomônicos para que Crohn seja diferenciado da colite ulcerativa. Muitas
vezes seu achado ocorre em outros propósitos de cirurgias abdominais onde se detecta importantes
aderências / fístulas com outros órgãos (grande processo inflamatório).
Você também citou sua correlação com doenças autoimunes como espondilite anquilosante, condrocalcinose,
poliarterite nodosa, esclerose múltipla, LES, etc., - e, justo, na atualidade se pesquisa sua etiologia imunológica.
São cólicas abdominais que alivia, e muito, o paciente ao defecar.
Há com frequência uma contagem leucocitária aumentada, aumento da velocidade de hemossedimentação (VHS)
e níveis aumentados de PCR (proteína C reativa). A PCR é um excelente marcador de processo inflamatório e/ou
infeccioso no corpo e não é específico de uma única patologia.
Os pacientes começam a ter anemia (apesar de sua referência ileal e cólon) por deficiência de ferro, B12 ou de folato.
Níveis séricos de albumina reduzidos (porque? têm tendência à edemas?), associados a níveis séricos de globulinas aumentados (por aumento de Acs? Então, é mesmo, uma doença imune?).
A diarreia pode causar um quadro de acidose metabólica hiperclorêmica, desidratação, associados a níveis séricos reduzidos de sódio, potássio e magnésio (que se dosa no Ionograma).
Perceba, como exemplo, uns comentários de hiponatremia progressiva nesta patologia (e por outras causas):
Distúrbios do Sódio
Sódio –
Necessidade diária do adulto: 1-2mEq/Kg/dia.
Sódio corporal total: 70mEq/Kg de peso (70% deste sódio está no extracelular).
A osmolaridade plasmática depende especialmente de sódio, e pode ser estimada pela fórmula:
mOsm = 2 x Na + 10.
Os não eletrólitos uréia e glicose, quando muito elevados, podem também interferir sobre a pressão osmótica. Usa-se então a fórmula:
mOsm = [ 2 x Na + (glicose/18) + (uréia/6)].
O cálculo da fração excretada de sódio, ou seja, o percentual do sódio filtrado no glomérulo e perdido na urina, ajuda a diferenciar distúrbios hidroeletrolíticos pré-renais e renais e seu cálculo exige a dosagem de sódio e creatinina no plasma e na urina:
Fração excretada de sódio = sódio urinário X creatinina plasmática / sódio plasmático X creatinina urinária X 100.
Uma fração de excreção menor que 1% indica uma hipoperfusão renal (distúrbio pré-renal). Uma fração de excreção do sódio acima de 2,5% indica doença renal.
Hiponatremia –
1. Por perda de sódio - pode ocorrer por perda renal, hipoaldosteronismo, perda gastrintestinal e outras perdas. A perda renal pode ser devido a necrose tubular, efeito de diuréticos, IR, cetoacidose diabética, entre outras. As perdas gastrointestinais podem ser por diarréias, vômitos, uso de sondas, etc. Outras perdas (por calor, queimaduras, peritonite, pancreatite, etc.);
2. Retenção de água ou hiponatremia dilucional (cursam com edema): IR, cirrose, hipotireoidismo, hipoalbuminemia, etc.;
3. Secreção inapropriada de hormônio antidiurético; hemorragia intracraniana, neurocirurgia, hipertensão intracraniana, infecção do SNC, etc.
DD (Diagnóstico Diferencial) –
Diurese aumentada e a concentração de Na urinário diminuída – aporte excessivo de água;
Diurese diminuída e sódio urinário aumentado – retenção renal de água;
Hipovolemia com Na urinário < 10 mEq/L – perdas na renais, como diarréia, vômito, sudorese intensa, etc.
Hipovolemia com Na urinário > 20mEq/L – perdas renais
Hiper ou normovolemia com Na urinário < 20 mEq/L – insuficiência hepática, insuficiência cardíaca, etc.
Hiper ou normovolemia com Na urinário > 20mEq/L – tubulopatias, IR, etc.
Hiponatremia associada a hiperpotassemia – D. de addison por exemplo.
Os níveis séricos de CEA (antígeno carcino-embriônico) se mostram aumentados. Atente: esse é um marcador tumoral. Porque está aumentado em Crohn?
A biópsia demonstra a presença de granulomas em 50% dos casos.
Pode ocorrer perfuração, fistulização, formação de abscessos, etc.
Parabéns por sua recordação de Crohn. Ainda podemos continuar neste tema.
Hélia Cannizzaro
- rair.menezes escreveu:
- A Doença de Crohn (DC), também conhecida como Ileíte Crônica, Enterite Regional ou Colite Granulomatosa, foi descrita pela primeira vez em um trabalho publicado em 1932 (o nome do médico americano Burril B. Crohn constava como um dos três principais autores). Ela é uma doença inflamatória intestinal (DII) grave, crônica e de origem desconhecida, geralmente afetando o íleo, o cólon ou ambos - em alguns casos, todo o trato gastrointestinal (TGI) encontra-se comprometido. Os segmentos afetados podem estar separados por trechos normais, mas as camadas intestinais são afetadas como um todo (diferindo da Retocolite Ulcerativa, onde o acometimento restringe-se à mucosa).
O diagnóstico baseia-se em sinais clínicos, enemas opacos e endoscopia digestiva. A doença pode cursar com complicações como artrite, espondilite anquilosante, e nefro-, dermato-, oftalmo- e hepatopatias. Não raramente, é confundida com outra DII, a Retocolite Ulcerativa.
Algumas curiosidades:
Neste artigo,http://www.sbcp.org.br/pdfs/20_1/09.pdf,são relatados estudos feitos sobre o procedimentos cirúrgicos realizados no tratamento da DC,mostrando dados das regiões intestinais mais acometidas,mostrando taxas de frequência de reincidência da doença,algumas complicações e motivos que justificam a utilização de métodos cirúrgicos no tratamento da DC.É muito interessante e contrutiva a leitura desse artigo.
Rair de Menezes Quirino-Turma 133