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| Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (Uma ação simples - diagnóstico precoce) | |
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Hélia Cannizzaro
Mensagens : 1065 Data de inscrição : 23/06/2013
| Assunto: Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (Uma ação simples - diagnóstico precoce) Qua Jul 10, 2013 1:21 am | |
| Como vimos, a úlcera péptica vai progressivamente “corroendo” as túnicas, da cavidade oca para o interior em destino à túnica serosa. Ao atingir o tecido conjuntivo frouxo da lâmina própria (LP) não necessariamente há sangue visível. As hematêmeses (vômitos sanguinolentos) e melena (sangue escuro nas fezes) ocorrem mais frequentemente após atingir a submucosa. Além da endoscopia esclarecedora, é possível utilizar na patologia clínica a pesquisa de sangue oculto das fezes (ou seja, sangue não visualizado a olho nu, ou olho desarmado). A pesquisa de sangue oculto nas fezes deveria ser prática profilática pela Medicina em todos os indivíduos que apresentam alguma queixa digestiva, mesmo que leve. Um dos kits disponíveis no laboratório é o Hemoccult que utiliza do guáiaco que é capaz de detectar 20ml/dia de sangue. A quantidade “normal” de sangue perdida diariamente nas fezes é menor que 2ml/dia ou 2mgHb/g de fezes. O HemoQuant utiliza fluorescência para detecção de porfirinas fecais e faz falso-positivo com carnes vermelhas e aspirina; e o HemeSelect que é um teste imunoquímico que detecta especificamente a presença de hemoglobina (Hb) humana. A intensa neovascularização dos tumores, como os digestivos, também pode ser detectados seus sangramentos iniciais. Os sangramentos profusos a olho vivo dispensam a pesquisa de sangue oculto nas fezes, é óbvio, exceto após tratamento clínico e cirúrgico que exigem acompanhamento. Hélia Cannizzaro | |
| | | FelipeAC
Mensagens : 3 Data de inscrição : 26/06/2013
| Assunto: Re: Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (Uma ação simples - diagnóstico precoce) Sex Jul 12, 2013 12:04 am | |
| Tema interessantíssimo e mui digno de interesse. Devido a alta incidência de patologias do sistema digestório e cânceres de cólon e o baixo custo de um exame detector de PSO, esses testes devem ser considerados rotina para pacientes acima dos 40 anos, em minha oppinião. O câncer de intestinos, juntamente com o de pele, correspondem a boa parte do percentual total de neoplasias, sendo mais comuns em idosos (creio eu que devido a estes terem ficado mais expostos a toxinas alimentares, fatores de estresse tecidual e apresentarem alta atividade imunológica próxima aos seus tecidos). Métodos de baixo custo, ainda que menos precisos, podem, juntamente com a observação clínica aumentar as chances de recuperação e melhorar a qualidade de vida do paciente. Artigo lido e sugerido: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-98802007000300009 | |
| | | medicina133ufpe
Mensagens : 32 Data de inscrição : 06/06/2013 Idade : 32
| Assunto: Re: Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (Uma ação simples - diagnóstico precoce) Ter Jul 16, 2013 2:14 am | |
| Proponho uma reflexão mais filosófica...sei que o tema é frequente, mas gostaria de abordá-lo mesmo assim! É interessante entender o quão simples, de fato, é esse exame e o quão sua interpretação pode, dentro de limites, auxiliar no diagnóstico , posto que ,de acordo com a tonalidade das fezes, pode-se estimar se o sangue é oriundo da região gastrointestinal superior ou inferior ou ainda qual é a intensidade do sangramento . A tendência é que o sangue que se originou de regiões superiores (ou até de regiões inferiores em devidas condições de "inércia"), seja mais escuro por ter ocorrido a oxidação ao passar pelo trato ,sendo chamado de melena. No entanto, se ele veio de regiões inferiores, a tendência é que seja vermelho vivo (hematoquesia). Onde está a reflexão?? bem...obvio que em muitos casos, esses exames são usados juntamente com diversos outros para a determinação da causa de uma doença, mas gostaria de falar sobre uma outra visão...aquela relativa à adaptação do médico às condições de trabalho e ao exercício da profissão de forma menos ortodoxa e mais flexível e interpretativa! Acredito que seja dever do médico entender que ele pode usar mecanismos simples para compor os fatores de análise do quadro clínico do paciente e para medicá -lo adequadamente, principalmente quando não há grande disponibilidade de recursos. Por exemplo, de acordo com o conhecimento da tonalidade das fezes, juntamente com a adequada anamnese e o conhecimento das condições de vida e hábitos do paciente pode-se conseguir estimar que tipo de parasitose o acomete, demonstrando que muitas vezes uma visão holística da problemática social pode fazer mais diferença que a análise dos mais sofisticados e diversos exames ( os quais podem custar tempo e dinheiro demais, dinheiro que oneraria os cofres públicos ou mais diretamente o vazio bolso do contribuinte). Devemos fazer com que tais magníficos exames -até essenciais em alguns casos- não sejam menos importantes ,mas apenas sejam usados de forma adequada, não se sobrepondo à capacidade de análise social e à interpretação de conhecimentos previamente adquiridos por parte do médico! Não pretendo fazer uma apologia a movimentos nostálgicos ou retroagir minimizando a importância da tecnologia, mas acredito que o uso indevido e exacerbado de exames pode encobrir ou disfarçar o comodismo de vir a ser um mero analista pacífico ou um profissional com um grande déficit humanitário (palavra que, aliás, remete à complicação de ser ser humano e não ser simultaneamente...). Temos que entender que podemos encher os nossos consultórios de parafernalhas elétricas e úteis na determinação de um diagnóstico, mas esse só será mais efetivo se, antes disso, procurarmos deixar as relações com os pacientes menos fugidias e entendê-los melhor porque de nada adianta passar aquele belíssimo Targifor para o amigo que está cansado e não tem a quantidade de vitamina c adequada porque só pôde jantar farinha depois de um longo dia de trabalho! Parece balela, mas acho que querendo ,pelo menos um pouquinho, dá para colocar em prática o humanismo nas mínimas atitudes e usar procedimentos simples para ser um médico complexo!
um abraço, Camila Farias de Araujo | |
| | | FelipeAC
Mensagens : 3 Data de inscrição : 26/06/2013
| Assunto: Re: Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (Uma ação simples - diagnóstico precoce) Ter Jul 16, 2013 2:22 am | |
| Cara Camila,
Uma honra ler o seu texto. Concordo plenamente com o que você disse. Muitas vezes, os recursos tecnológicos não estão ao nosso dispor e devemos lançar mão do nosso raciocínio e conhecimento para prover ao paciente o diagnóstico e tratamento mais adequado. Lembro-me de uma aula da Professora Belmira em que ela nos falou que apenas a observação do olhar e dos movimentos oculares pode clarear muitos diagnósticos e salvar muitas vidas. Certa vez Pascal disse: "Uma carta simples, não tive tempo para escrevê-la." Na era tecnológica, frequenttemente nos esquecemos do quão essencial e difícil é ser simples.
Abraço,
Felipe AC | |
| | | Marília Castro
Mensagens : 2 Data de inscrição : 16/07/2013
| Assunto: Re: Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (Uma ação simples - diagnóstico precoce) Ter Jul 16, 2013 6:24 pm | |
| Tenho que concordar com vocês, Camila e Felipe. O exame de fezes pode auxiliar os médicos de duas maneiras. Uma mais dependente da tecnologia, ou seja, em análises microscópicas. Contudo, a nível macroscópico, o médico pode detectar um sangramento gastrointestinal, por exemplo, com apenas uma coleta de fezes. Camila, acho importante a realização deste exame como rotina. Não apenas o PSO, mas também o EPF (Parasitológico), este último principalmente em crianças, possibilitando desse modo a utilização de medicamentos específicos, apenas quando necessário. | |
| | | Hélia Cannizzaro
Mensagens : 1065 Data de inscrição : 23/06/2013
| Assunto: Re: Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (Uma ação simples - diagnóstico precoce) Sáb Jul 20, 2013 6:07 pm | |
| Camila Farias de Araújo Como havia informado, anteriormente, esta semana me envolvi profundamente com pacientes leucêmicos e fiquei com tempo restrito. Agora, voltei a lê-los. Gostei muito de seu texto que resume a prática de um médico que "sabe" efetivamente a Ontologia do "Ver". Mas há um porém: A tecnologia de qualidade avançou e não devemos nos refutar de utilizar quando é mister. É o caso do exame não oneroso: Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes. Quem falou, falou errado: a hematêmese e melena "abertas" não é assim tão evidente em todos os casos clínicos, o e-mail que antecedeu ao seu se aproxima mais desta realidade que convivo desde 1981 quando recebi o título de Médica. É verdade, que o sangramento baixo se resume em sangue vivo e que os sangramentos mais altos se resume em fezes escuras - mas, muitas patologias digestivas, muitas patologias mesmo - como tumores, doença de Crohn, diverticulites e diverticuloses, etc. apresenta sangramentos não visíveis e, às vezes, por aderências em outros órgãos mascaram quadros que podem ter evolução gravíssima. Conclusão: precisamos de um médico que conheça profundamente de medicina, que saiba indicar exames específicos para o caso (sem perda de tempo e/ou perda financeira), que saiba se adaptar às suas condições hospitalares de trabalho médico in situ (com maiores ou menores possibilidades), que seja um exemplo e seja indicado como excelente médico, que o humanismo seja constitucional, e que solicite a Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes como rotina, entre outros tantos "competentes" exames complementares para o sistema digestivo. Hélia Cannizzaro - medicina133ufpe escreveu:
- Proponho uma reflexão mais filosófica...sei que o tema é frequente, mas gostaria de abordá-lo mesmo assim!
É interessante entender o quão simples, de fato, é esse exame e o quão sua interpretação pode, dentro de limites, auxiliar no diagnóstico , posto que ,de acordo com a tonalidade das fezes, pode-se estimar se o sangue é oriundo da região gastrointestinal superior ou inferior ou ainda qual é a intensidade do sangramento . A tendência é que o sangue que se originou de regiões superiores (ou até de regiões inferiores em devidas condições de "inércia"), seja mais escuro por ter ocorrido a oxidação ao passar pelo trato ,sendo chamado de melena. No entanto, se ele veio de regiões inferiores, a tendência é que seja vermelho vivo (hematoquesia). Onde está a reflexão?? bem...obvio que em muitos casos, esses exames são usados juntamente com diversos outros para a determinação da causa de uma doença, mas gostaria de falar sobre uma outra visão...aquela relativa à adaptação do médico às condições de trabalho e ao exercício da profissão de forma menos ortodoxa e mais flexível e interpretativa! Acredito que seja dever do médico entender que ele pode usar mecanismos simples para compor os fatores de análise do quadro clínico do paciente e para medicá -lo adequadamente, principalmente quando não há grande disponibilidade de recursos. Por exemplo, de acordo com o conhecimento da tonalidade das fezes, juntamente com a adequada anamnese e o conhecimento das condições de vida e hábitos do paciente pode-se conseguir estimar que tipo de parasitose o acomete, demonstrando que muitas vezes uma visão holística da problemática social pode fazer mais diferença que a análise dos mais sofisticados e diversos exames ( os quais podem custar tempo e dinheiro demais, dinheiro que oneraria os cofres públicos ou mais diretamente o vazio bolso do contribuinte). Devemos fazer com que tais magníficos exames -até essenciais em alguns casos- não sejam menos importantes ,mas apenas sejam usados de forma adequada, não se sobrepondo à capacidade de análise social e à interpretação de conhecimentos previamente adquiridos por parte do médico! Não pretendo fazer uma apologia a movimentos nostálgicos ou retroagir minimizando a importância da tecnologia, mas acredito que o uso indevido e exacerbado de exames pode encobrir ou disfarçar o comodismo de vir a ser um mero analista pacífico ou um profissional com um grande déficit humanitário (palavra que, aliás, remete à complicação de ser ser humano e não ser simultaneamente...). Temos que entender que podemos encher os nossos consultórios de parafernalhas elétricas e úteis na determinação de um diagnóstico, mas esse só será mais efetivo se, antes disso, procurarmos deixar as relações com os pacientes menos fugidias e entendê-los melhor porque de nada adianta passar aquele belíssimo Targifor para o amigo que está cansado e não tem a quantidade de vitamina c adequada porque só pôde jantar farinha depois de um longo dia de trabalho! Parece balela, mas acho que querendo ,pelo menos um pouquinho, dá para colocar em prática o humanismo nas mínimas atitudes e usar procedimentos simples para ser um médico complexo!
um abraço, Camila Farias de Araujo | |
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