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 OBSTRUÇÃO INTESTINAL

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5 participantes
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Hélia Cannizzaro




Mensagens : 1065
Data de inscrição : 23/06/2013

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MensagemAssunto: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitimeDom Nov 02, 2014 5:18 pm

OBSTRUÇÃO INTESTINAL
É uma das emergências cirúrgicas mais frequentes. As causas são classificadas em extrínsecas; intrínsecas; e funcionais ou clínicas. Extrínsecas, como hérnia encarcerada, diversas neoplasias extra-intestinais, abscesso abdominal, complicação de diálise peritoneal, sequela de trauma abdominal, hematomas, corpo estranho intra-abdominal. Intrínsecas, como invasão tumoral, fecaloma, doença de Crohn, isquemia mesentérica, enterocolite pós-radiação, divertículos, pólipos, fístula intestinal. Funcionais ou clínicas, como peritonite, hipopotasssemia grave, hiponatremia, sepse, hemorragia abdominal, pós- vagotomia, reação à quimioterapia, diabetes mellitus, lesão cerebral ou medular, intoxicações.
Quando suspeitar – A primeira manifestação é a dor abdominal em cólica que piora progressivamente. A cólica intestinal obstrutiva típica ocorre com intervalos de cerca de 2 a 5 minutos na obstrução intestinal mais alta e 10 a 15 minutos nas mais baixas. A localização da dor é geralmente é difusa e imprecisa, mas tende a ser mais epigástrica na obstrução mais alta, periumbilical na obstrução jejunoileal e hipogástrica nas obstruções do íleo terminal ou sigmoide. Nos casos de estrangulamento, a dor é mais aguda, muito intensa e contínua. Com a evolução aparece náusea, vômitos e distensão abdominal. Os vômitos são biliosos (podem ser claros no início) e são mais precoces e frequentes quanto mais alta for a obstrução. A distensão abdominal é mais intensa quanto mais distal for a obstrução. Vômitos não biliosos apontam para obstrução gástrica, pilórica ou duodenal inicial. Vômitos fecaloides e espessos apontam para obstruções mais baixas ou sofrimento intestinal. Outras manifestações importantes são parada de eliminação de gases e fezes e constipação, portanto, aguda. Inicialmente, o paciente se contorce e adota diferentes posições, procurando aliviar a dor a cada crise de cólica. Com a evolução, se ocorre inflamação ou intensa isquemia intestinal, o paciente tende a ficar mais quieto, em “posição de defesa do abdome”, à medida que ocorre irritação peritoneal. No início, o peristaltismo de “luta” pode ser audível, mas esse peristaltismo tende a diminuir ou desaparecer com a progressão e piora do quadro. A palpação abdominal cuidadosa pode demonstrar áreas de maior sensibilidade, distensão, defesa abdominal ou hiperestesia. Com rompimento e evolução para peritonite, o paciente passa a ter febre, prostração, taquicardia, taquipneia e, nos casos mais graves, pode evoluir para choque com extremidades frias, pulsos finos e rápidos, oligúria (diminuição do volume urinário/24 horas), hipotensão, cianose e alteração do estado de consciência.
Principais sinais e sintomas de Obstrução Intestinal – Obstrução alta (vômito precoce e frequente, distensão epigástrica, constipação mais tardia); Obstrução baixa (Vômito tardio, espaçoso e mais volumoso, distensão global e volumosa, constipação mais precoce, vômito fecaloide); Sofrimento intestinal / peritonite (febre, prostração, taquicardia, dor abdominal mais contínua e intensa, defesa abdominal involuntária, hiperestesia, sangramento retal).
Como Confirmar – O diagnóstico é basicamente clínico pelos sinais e sintomas, descritos acima, e é complementado por:
1. Radiografia simples de abdome (singela de abdome) em ortostastismo em AP (Antero-posterior) e perfil – É o primeiro exame a ser realizado. Em pelo menos 60% dos casos de obstrução existem sinais sugestivos, como alças dilatadas (acima de 3cm em adultos), níveis hidroaéreos, alças em arco ou em U invertido. Ar no sistema porta apontam sofrimento ou estrangulamento de alça. Ar “livre na cavidade abdominal”, mais facilmente visível na radiografia de tórax, indica perfuração;
2. Radiografia contrastada – Estudos contrastados devem ser evitados como rotina em quadros obstrutivos, há risco de extravasamento para o peritônio quando da perfuração, com contraste dentro da cavidade abdominal;
3. Tomografia – É mais usada em casos duvidosos, não sendo indicada como rotina. É mais sensível (93%) que os demais exames de Imagem, e mais eficaz em apontar o nível e a causa da obstrução (tumores, abscessos, inflamações, complicações pós-operatórias. Pode demonstrar sinais de estrangulamento, como espessamento e pneumatose da parede e edema mesentérico;
4. Ultra-sonografia – É menos sensível pela interposição de ar das alças distendidas, mas pode ser útil em situações especiais como gravidez, e compressão por massas e abscessos;
5. Endoscopia digestiva – A gastroduodenoscopia pode ser indicada nas obstruções pilóricas ou duodenais e a colonoscopia pode ser indicada quando se suspeita de obstrução colônica, sobretudo em idosos, pelo maior risco de carcinoma do cólon. A colonoscopia pode ser também terapêutica para desfazer uma intussuscepção ou desfazer o vólvulo do sigmoide;
6. Exames hematológicos e bioquímicos – Nas fases iniciais, a contagem leucocitária tende a ser normal. Com o prosseguimento do quadro, a mesma tende a se elevar, observando-se um aumento dos leucócitos neutrófilos polimorfonucleares com contagens situadas entre 15.000 a 25.000/mm3 de sangue que sugere estrangulamento. Contagens superiores a 30.000/mm3 de sangue sugerem trombose mesentérica. As concentrações de Hb (hemoglobina) e Ht (hematócrito) tendem a ser normais, nas fases iniciais, observando-se um aumento das mesmas com o desenvolvimento da desidratação. A densidade urinária específica aumenta à medida que se estabelece um déficit de água e eletrólitos, a menos que exista insuficiência renal preexistente. A presença de detecção de sangue oculto sugere estrangulamento, até mesmo macroscópica quando o segmento estrangulado esteja localizado nas porções mais superiores do jejuno. A presença de níveis reduzidos de sódio, potássio e cloro, assim como também do pH, associada à presença de níveis elevados de CO2, representa indicações úteis acerca da evolução do paciente e auxilia na terapia. Níveis elevados da ureia sugerem a presença de sangue no intestino ou lesão renal concomitante. Os níveis séricos (sangue) de amilase podem estar elevados na ausência de pancreatite. A presença de níveis séricos elevados de LDH (lactato desidrogenase), TGO, creatinoquinase e fósforo pode indicar estrangulamento (infarto) do intestino delgado.
Tratamento – Inicialmente, há uma monitorização clínica hospitalar, dieta suspensa e sonda nasogástrica, acesso venoso seguro e hidratação, medidas gerais (repouso com cabeceira elevada, oxigênio, antieméticos= anti-vômito, analgésicos e antiespasmódicos), antibioticoprofilaxia.
Boletim Operatório da Laparotomia para tratamento de
Obstrução Intestinal

1. Cuidados Iniciais – Verificar se o paciente foi preparado adequadamente em termos de hidratação (reposição de volume) e correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. É fundamental que a descompressão gástrica por sonda nasogástrica seja garantida ANTES da indução anestésica para evitar aspiração acidental (“muito frequente nesta situação”);
2. Anestesia – por indução rápida, com o paciente semi-acordado e com a cabeça mais elevada pelo risco de aspiração;
3. Posição do paciente – Decúbito dorsal;
4. Acesso – Laparotomia mediana ou paramediana nos adultos e crianças maiores. Transversa supra-umbilical em crianças menores. Nos casos de pacientes com cirurgia anterior em que a possibilidade de bridas e aderências é grande, muito cuidado ao abrir o peritônio para evitar lesão de alças aderidas à cicatriz. Abrir a região de mais fácil acesso, geralmente nas extremidades da incisão anterior e antes de estender a abertura da cavidade explorar com o dedo e tesoura a existência de aderências. No caso de alças fortemente aderidas, é melhor ressecar o peritônio aderido do que tentar descolar a alça. Se houver lesão da SEROSA intestinal, reparar com fio absorvível 3-0, 4-0 ou 5-0;
5. Tempos Cirúrgicos Principais –
A. Explorar cuidadosamente a cavidade peritoneal, para o diagnóstico preciso da causa e do local da obstrução intestinal;
B. Exteriorizar as alças distendidas e avaliar sinais de necrose intestinal, gangrena e perfuração intestinal;
C. Nas obstruções com grande distensão da alça, pode-se combinar o posicionamento da sonda nasogástrica de grosso calibre até além do ângulo de Treitz e fazer uma ordenha “retrógrada” do conteúdo do intestino delgado para ser aspirado através da sonda pelo anestesista;
D. Desfazer eventuais bridas e aderências ou volvos com dissecção com tesoura de Metzenbaum;
E. Ressecar alças intestinais consideradas inviáveis e fazer a anastomose término-terminal (unir duas partes sadias);
F. Fazer suturas e anastomoses;
G. Em caso de peritonite pode irrigar e aspirar profusamente a cavidade com solução fisiológica aquecida, e aspirar;
H. Revisar a hemostasia;
I. Fazer a laparorrafia por planos anatômicos.
COMPLICAÇÕES
1. Cirúrgicas – Isquemia, necrose, perfuração intestinal, peritonite, abscesso de parede, fístula enterocutânea;
2. Clínicas – Choque hipovolêmico ou séptico, distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos.



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Alisson Ribeiro




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MensagemAssunto: Re: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitimeQua Nov 12, 2014 8:15 pm

Professora,
     Primeiramente, a obstrução alta e baixa têm uma delimitação certa ou elas são diferenciadas de acordo com a dor referida?
     Em segundo lugar, por que a contagem de neutrófilos polimorfonucleares se eleva? A obstrução cursa com proliferação bacteriana nas alças intestinais mais distais?
Shocked
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Paulynne Briano




Mensagens : 4
Data de inscrição : 29/09/2014

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MensagemAssunto: Re: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitimeSáb Nov 15, 2014 12:31 am

Algumas imagens dos exames complementares para ilustrar o estudo:

OBSTRUÇÃO INTESTINAL A8n1a02-fig13
Obstrução intestinal. RX de abdome em dececúbito dorsal e em ortostatismo. a) Radiografia em dececúbito evidenciando distensão difusa de alças intestinais, e b) radiografia em ortostatismo: presença de níveis hidroaéreos, na mesma alça e níveis diferentes, difusos pelo abdome (setas).

OBSTRUÇÃO INTESTINAL 45hg4545
Imagem radiográfica

OBSTRUÇÃO INTESTINAL 5yh56h5
Imagem de tomografia computadorizada no diagnóstico da obstrução intestinal
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Alexandre Luna




Mensagens : 4
Data de inscrição : 25/09/2014

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MensagemAssunto: Re: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitimeDom Nov 16, 2014 10:38 am

Pofessora, achei um material interessante que fala sobre o "Íleo adnâmico e obstrução intestinal" no qual ele estabelece uma relação de causa e efeito desses males respectivamente.
Segue o link para acesso:

https://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=8&ved=0CDQQFjAH&url=http%3A%2F%2Fwww.unigastrocampinas.com.br%2Fartigos%2Fileo.pdf&rct=j&q=obstru%C3%A7%C3%A3o%20intestinal%20artigos&ei=Mn1oVJLTLMmqNvCMgNgE&usg=AFQjCNFttQ7evHXG7U10r2ykJq-58HxIXQ&sig2=cC1lvh6jT36oYMW7083SBw&bvm=bv.79142246,d.eXY
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jessicoutinho1




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MensagemAssunto: Re: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitimeSeg Nov 17, 2014 4:25 am

O transplante intestinal é hoje terapia bem estabelecida para pacientes com insuficiência intestinal irreversível. Dessa forma, pode ser indicado em casos mais graves de obstrução intestinal a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente, uma vez que minimiza os efeitos negativos de tal patologia.


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202013000300013&lng=pt&nrm=iso
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Hélia Cannizzaro




Mensagens : 1065
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MensagemAssunto: Re: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitimeTer Nov 18, 2014 12:46 am

Alisson Ribeiro
No desenvolvimento da obstrução, quando não aguda, a dor é mais localizada, sendo possível
mapear os flancos direito e esquerdo, a região mesogástrica, as fossas ilíacas direita e esquerda
e o hipogástrio. Quando da instalação definitiva, a dor se torna intensa e generalizada.
Toda ESTASE (parada) leva a um meio de cultura favorável para o crescimento bacteriano.
Qualquer ESTASE no organismo. E desta feita, os neutrófilos polimorfonucleares e todos os
leucócitos estão atentos por combater, quando há imunocompetência.


Alisson Ribeiro escreveu:
Professora,
     Primeiramente, a obstrução alta e baixa têm uma delimitação certa ou elas são diferenciadas de acordo com a dor referida?
     Em segundo lugar, por que a contagem de neutrófilos polimorfonucleares se eleva? A obstrução cursa com proliferação bacteriana nas alças intestinais mais distais?
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Hélia Cannizzaro




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MensagemAssunto: Re: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitimeTer Nov 18, 2014 12:52 am

Paulynne Briano
Como é fundamental, a interpretação médica correta de um RX singela de abdome!
Veremos isto ocorrer em várias situações de emergência.
Muitas vezes, nestes casos, em hospitais menos aparelhados, corretamente, não haja tempo para tomografia.


Paulynne Briano escreveu:
Algumas imagens dos exames complementares para ilustrar o estudo:

OBSTRUÇÃO INTESTINAL A8n1a02-fig13
Obstrução intestinal. RX de abdome em dececúbito dorsal e em ortostatismo. a) Radiografia em dececúbito evidenciando distensão difusa de alças intestinais, e b) radiografia em ortostatismo: presença de níveis hidroaéreos, na mesma alça e níveis diferentes, difusos pelo abdome (setas).

OBSTRUÇÃO INTESTINAL 45hg4545
Imagem radiográfica

OBSTRUÇÃO INTESTINAL 5yh56h5
Imagem de tomografia computadorizada no diagnóstico da obstrução intestinal
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MensagemAssunto: Re: OBSTRUÇÃO INTESTINAL   OBSTRUÇÃO INTESTINAL Icon_minitime

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