MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial)

Em virtude de estarmos vendo cardio nesse módulo, coloquei aqui algumas diretrizes para o uso da MAPA, bem como a sua utilidade, vantagens e limitações. Informações tiradas do livro: Cardiologia de consultório -soluções práticas na rotina do cardiologista.

Indicações principais para o uso da MAPA:
- Suspeita de hipertensão do avental branco
-Avaliação de normotensos no consultório com lesão de órgãos-alvo, ou seja, suspeita de hipertensão mascarada
- Avaliação da eficâcia terapêutica anti-hipertensiva: Quando a PA casual permanecer elevada apesar da otimização do tratamento anti-hipertensivo para diagnóstico de hipertensão arterial resistente ou efeito do Avental Branco ou quando a pressão arterial casual estiver controlada e houver indícios de persistência, ou progressão de lesão de órgãos-alvo.
-Avaliação de sintomas, principalmente hipotensão.

Principais vantagens para o uso da MAPA:
- Obtenção de múltiplas medidas nas 24 horas;
- Avaliação da PA durante as atividades cotidianas e durante o sono;
- Avaliação do padrão circadiano da PA;
- Avaliação das médias, cargas e variabilidades da PA;
- Identificação da ''reação de alarme'';
- Atenuação do efeito placebo;
- Avaliação do efeito anti-hipertensivo nas 24 horas;
- Possibilidade de estratificação de risco.

Principais limitações para o uso da MAPA:
- Braços que não permitam ajuste adequado do manguito;
- Valores muito elevados de PA sistólica;
- Situações clínicas associadas a distúrbios de movimento(parkinsonismo, por exemplo);
- Pulsos muito irregulares, decorrentes de arritmias cardíacas (fibrilação e flutter atriais);
- Hiato auscultatório quando empregado método auscultatório.

Itens que necessariamente deverão constar em um relatório de MAPA:
- Data e horário de início e término do exame;
- Número e porcentagem das medidas realizadas e das efetivamente válidas;
- Médias de pressão arterial sistólica nas 24 h, vigília e sono;
- Médias de pressão arterial diastólica nas 24 h, vigília e sono;
- Comportamento da PA entre a vigília e o sono;
- Picos de pressão arterial;
- Episódios de hipotensão;
- Correlação entre atividades, simtomas e medicamentos;
- Conclusão.

Classificação do comportamento da pressão arterial na MAPA para indivíduos maiores de 18 anos:

Comportamento da PA ambulatorial:          
ÓTIMO                    24h: <155/75              vigília:<120/80              sono: <100/65
NORMAL                                             24h: <120/75              vigília: <130/85            sono:   <110/70
ANORMAL         Limítrofe            24h: 125-129/75-79      vigília:130-134/84          sono:  110-119/70
                    Hipertensão ambulatorial   24h: ≥130/80              vigília: ≥135/85               sono: ≥120/70

Li que a MAPA tem demonstrado ser uma ferramenta valiosa para estudar a relação entre o estresse ocupacional e o comportamento da pressão arterial, durante um dia de trabalho, restante do dia e durante a noite. Consequentemente, sua aplicação vem se firmando como uma das principais ferramentas em estudos de saúde ocupacional em todo o mundo.

Já é claro que a MAPA é um exame seguro e praticamente isento  de complicações. Há relatos em que pacientes se queixam de desconforto  no braço e dificuldade para dormir. Sobre sua eficácia, não conseguirão realizar o exame de uma forma satisfatória, pessoas que apresentam o braço em forma de cone (situação em que o manguito não fica bem adaptado no braço), pessoas com distúrbios do movimento, como a doença de Parkinson (não conseguem manter o braço parado na hora da medida da PA), ou ainda, aquelas com certas arritmias cardíacas como a fibrilação atrial  (o dispositivo da cintura não consegue obter o registro da PA).

Realmente é um exame bastante confiável, e sua grande importância se deve a grande gama de doenças da modernidade,dentre elas o estresse, gerado por uma grande carga emocional a que somos submetidos,e a grande taxa de hipertensos que cresce a cada dia.Além disso, apesar de o aparelho ser ineficiente com portadores da doença de Parkinson, creio que ele consiga compilar dados de pessoas com outros tipos de doenças de distúrbio de movimento como a Síndrome das pernas inquietas e Movimento periódico das pernas, que são doenças também geradas pelo estresse e que vem aumentando seu índice na população.

Estava lendo sobre o MAPA e ficou claro a sua eficácia em registrar e armazenar as pressões arteriais em momentos diferentes do dia a dia, porém me veio a lembrança uma conversa que eu tive com um amigo meu e ele me perguntou se caso o paciente tivesse seus braços e pernas amputados como seria feito a medição da pressão arterial do mesmo. Lembrei dessa questão devido ao fato de o MAPA ter como um dos equipamentos uma cinta, porém ainda não consigo responder a pergunta ,por isso a exponho para vocês, alguém sabe como pode ser feito o registro da pressão arterial nesse caso? Vale ressaltar que o criador dessa pergunta inteligente foi o Maxwell lá da sala durante um almoço no RU.

Estudando sobre medida da PA, achei uma reportagem sobre um estudo que recomenda que a medida deva ser realizada nos dois braços para o caso de constatar alguma diferença entre ambos. Essa diferença deve ser de 15mmHg na pressão sistólica (ex: um braço possui pressão sistólica de 12cmHg e o outro 13,5cmHg) para ser considerada preocupante, podendo ela indicar um risco de doença vascular cerebral capaz de gerar demência, endurecimento das artérias de braços e pernas ou mesmo um acúmulo de placas de gordura em um dos braços. Lembro de ter lido também que no caso de surgir uma diferença de mais de 20mmHg, o médico deve medir a pressão das pernas para uma melhor avaliação. Muito comum no Reino Unido e nos EUA, essa prática de medir a pressão dos dois braços ainda não é costume dos médicos brasileiros, embora funcione bem como um método preventivo.

Marcelo Costa
Achei interessante sua abordagem e todas que se seguiram.
Monitorar continuamente é fundamental, principalmente considerando que os pacientes em regime
de atendimento imediato no ambulatório têm um corpus de estresse mais elevado - condicionando
diagnósticos equivocados de HA e consequentemente de terapêutica HA equivocada.
Hélia Cannizzaro

marcelo costa escreveu:

Em virtude de estarmos vendo cardio nesse módulo, coloquei aqui algumas diretrizes para o uso da MAPA, bem como a sua utilidade, vantagens e limitações. Informações tiradas do livro: Cardiologia de consultório -soluções práticas na rotina do cardiologista.

Indicações principais para o uso da MAPA:
- Suspeita de hipertensão do avental branco
-Avaliação de normotensos no consultório com lesão de órgãos-alvo, ou seja, suspeita de hipertensão mascarada
- Avaliação da eficâcia terapêutica anti-hipertensiva: Quando a PA casual permanecer elevada apesar da otimização do tratamento anti-hipertensivo para diagnóstico de hipertensão arterial resistente ou efeito do Avental Branco ou quando a pressão arterial casual estiver controlada e houver indícios de persistência, ou progressão de lesão de órgãos-alvo.
-Avaliação de sintomas, principalmente hipotensão.

Principais vantagens para o uso da MAPA:
- Obtenção de múltiplas medidas nas 24 horas;
- Avaliação da PA durante as atividades cotidianas e durante o sono;
- Avaliação do padrão circadiano da PA;
- Avaliação das médias, cargas e variabilidades da PA;
- Identificação da ''reação de alarme'';
- Atenuação do efeito placebo;
- Avaliação do efeito anti-hipertensivo nas 24 horas;
- Possibilidade de estratificação de risco.

Principais limitações para o uso da MAPA:
- Braços que não permitam ajuste adequado do manguito;
- Valores muito elevados de PA sistólica;
- Situações clínicas associadas a distúrbios de movimento(parkinsonismo, por exemplo);
- Pulsos muito irregulares, decorrentes de arritmias cardíacas (fibrilação e flutter atriais);
- Hiato auscultatório quando empregado método auscultatório.

Itens que necessariamente deverão constar em um relatório de MAPA:
- Data e horário de início e término do exame;
- Número e porcentagem das medidas realizadas e das efetivamente válidas;
- Médias de pressão arterial sistólica nas 24 h, vigília e sono;
- Médias de pressão arterial diastólica nas 24 h, vigília e sono;
- Comportamento da PA entre a vigília e o sono;
- Picos de pressão arterial;
- Episódios de hipotensão;
- Correlação entre atividades, simtomas e medicamentos;
- Conclusão.