Sobre o processo de oxidação da LDL por ação do fator de ativação plaquetária (PAF) com conseqüente atração de monócitos e do disparo de inflamação pelas citocinas (proteínas pró-inflamatórias) e da sua manutenção por ação de adesão com ICAM e VCAM, me despertou o interesse de reler o livro que recebi em fevereiro de 2011 de Irwin Segel e sua Bioquímica Clínica. Relendo agora Segel, em oxidation-reduction reactions nos deixa claro a gravidade da ação unilateral oxidativa. Diz o autor como já sabemos, que a maioria das reações que ocorrem nas células vivas são reações de óxidoredução, e cita o apêndice das principais que se a turma 133 tiver interesse devo encaminhá-las. Os valores numéricos de E´O reflete o potencial de redução relativo para a reação 2H+ + 2e-→ H2 (-0,414 volt em pH 7). O valor para reação hidrogênio em pH 7 foi calculado de forma arbitrária assumindo o valor de EO como 0,00 volt sobre condições padrão (1 M H+ e 1 atm H2). Como nenhuma substância pode ganhar elétrons sem outra substância perder elétrons, uma completa reação de oxidação-redução passa a ser composta nessas 2 (meias) reações (two half-reactions). Quando essas reações estão completas, aquela com grande tendência a ganhar elétrons tem maior potencial de redução positivo. Aquela com menor tendência a ganhar elétrons tem um potencial de redução menos positivo. Lembrando clinicamente, que as formas reduzidas são bons agentes redutores e as forma oxidadas são bons agentes oxidantes. A reação de oxidação-redução pode ser calculada de várias formas, mas uma interessante aqui apresentada:
ΔE´O == [E´O da reação contendo o oxidizing agent] – [E´O da reação contendo o reducing agent].
Se os agentes “oxidizing and reducing” são idênticos, a equação produzida terá um ΔE´O positivo.
O ΔG´ da reação pode ser calculado da seguinte forma:
ΔG´= nFΔE´O
Onde n é o número de elétrons transferidos por mol (isto é, o número de equivalentes por mol) e F é a constante Faraday (23,063 cal X vol -1 X equivalente -1 um fator convertendo volts/equivalente em cal/equivalente. É possível ver que ΔE´O deve ser positivo para produzir uma reação espontânea (isto é, um ΔG´ negativo).
A K´eq da reação é relacionado à ΔG´, assim:
ΔE´O = 2,3 RT / nF X log K´eq OU
ΔE´O = 0,059 / n X log K´eq (à 25o C)
O potencial de redução de uma reação na qual as formas oxidadas e reduzidas estão presentes em concentrações não padrão pode ser calculado na seguinte expressão, chamada equação de Nernst:
E = E´O + 2,3 RT / nF X log [ oxidized form] / [reduced form] OU
E = E´O + 0,059/n X log [ oxidized form] / [reduced form] a 25oC
Para a reação Aox + Bred → Ared + Box o estado na padrão de ΔE é dado por:
ΔE = ΔE´O - 2,3 RT / nF X [Ared] [Box] / [Aox] [Bred].
Ao vermos o que foi apresentado, aqui, de forma sumária e que nos serve permanentemente como fonte diagnóstica, observo que só a morte é o permanente equilíbrio sobre esse tema que acabamos de ver. Eu pergunto, o que significa uma condição “em vida” nonstandard? Uma condição não padrão? Se insisto em repetir, que a vida é uma permanente busca de equilibrar os desequilíbrios.
Hélia Cannizzaro