Sobre Aterosclerose, é necessário entender que a aterosclerose é uma patologia (=doença) inflamatória crônica. Os leigos sobre Imunologia imaginariam que uma doença inflamatória crônica só poderia ser gerada contra a ação de um microorganismo, por exemplo uma periodontite (inflamação do cemento, ligamento periodontal e osso alveolar) causada (=etiologia) por bactéria, por exemplo. Uma inflamação por furunculose produzida pelo Staphylococcus aureus; ou uma meningite com inflamação das meninges produzida por vírus; ou uma inflamação do coração produzido pelo Trypanosoma cruzi na doença de Chagas; ou uma inflamação da pele (dermatite) produzida por fungo; ou uma inflamação do intestino (enterite) provocada por uma verminose, enfim. As doenças inflamatórias não ocorrem tão somente por uma resposta a um microorganismo, disso já temos a certeza agora. Por exemplo, as doenças auto-imunes (lúpus, artrite reumatóide, esclerose múltipla, condrocalcinose, espondilite anquilosante etc.) cursam com inflamação intensa provocada por uma reatividade contra os próprios tecidos. Falamos muito da ação oxidativa e anti-oxidativa e como é comum escutar, entre nós Médicos, a expressão colesterol bom e colesterol ruim. O que seria isso em relação às lipoproteínas que transportam o colesterol e outros lipídeos? Todos estudaram para o vestibular que as reações que envolvem a transferência de elétrons são chamadas reações de oxido-redução, ou reação redox. A perda de elétrons é oxidação; o ganho de elétrons é redução, como na redução eletrolítica do ferro férrico a ferroso, e desta reação fundamental na ligação perfeita com oxigênio da metaloproteína hemoglobina. Várias condições facilitam a migração de elétrons de um agrupamento químico para outro. Se um elétron é livre para mover-se (lipídeo veta esta liberdade) dentro do grande orbital molecular de uma estrutura altamente ressonante, a força do seu elo com qualquer núcleo atômico particular dentro daquela estrutura é menor do que seria se estivesse restrito a um orbital pequeno em torno de um núcleo específico (especificidade). Por esta razão o ânion fenolato se oxida mais rapidamente do que o fenol. O espessamento do endotélio, a inflamação, o depósito de lipídeos, as complicações trombóticas diminuem mesmo o lúmen (=luz) do vaso? Existe lógica tratá-los com anti-inflamatórios não hormonais, redutores da concentração lipídica, sugerir exercícios físicos brandos e anti-trombóticos? Porque as plaquetas aderem a esta região? É porque a região está sangrando? Na classificação de Friedrickson das lipoproteínas (que nós as dosamos no laboratório) existem: os quilomicrons que transportam principalmente triglicerídeos (TG), a LDL (low density lipoprotein) que transporta colesterol, a VLDL (very low density lipoprotein) que transporta triglicerídeos, e a HDL que transporta proteínas (entre os transportes principais). A transcrição nuclear para síntese de lipoproteínas para o sangue depende diretamente da concentração dos lipídeos livres e das proteínas no caso da HDL. Uma LDL alta e uma VLDL alta é sempre sinalizadora de que a concentração de lipídeos livres estão elevados. Daí chamar-se a HDL o colesterol bom, quando a LDL está baixa. O depósito plaquetário leva a uma oxidação da LDL? Devemos usar uma medicação que impeça essa oxidação ou uma medicação que impeça o depósito plaquetário? A LDL oxidada atrai os monócitos CD36 (leucócitos) para adesão ao endotélio com agravamento de migrarem para a camada subendotelial levando consigo o lipídeo para a túnica média. Com a chegada desses monócitos, que dentro dos tecidos se chamam macrófagos, começa a estimular a síntese de proteínas pró-inflamatórias = citocinas = interleucinas, como IL-1, IL-4, IL-6, TNF-alfa (fator necrose de tumor) e interferon-gama, e a inibição do vasodilatador capilar - óxido nítrico. Mas quem dispara todo este mecanismo? O ateroma (hidroperóxidos, lisofosfolipídeos e compostos carbonil) ou o depósito plaquetário, ou os dois? Se o TNF-alfa é um fator necrose de tumor, os pacientes com diferentes tumores têm TNF-alfa baixo? E os pacientes com doença auto-imune com TNF-alfa elevado, eles têm menor incidência de terem neoplasia (tumor)? Hoje, é internacionalmente sabido que existe um fator denominado PAF que é o fator de adesão plaquetário. Esse fator atrai os monócitos, que estimulam a produção de citocinas e fatores de crescimento e o processo é ainda mais agravado porque as moléculas de adesão vásculo-celular (VCAM) e intercelular (ICAM) ampliam o turnover da questão inflamatória. Um fato interessante é a sinalização intracelular que passa a ocorrer, esse sistema é chamado de fator nucler kappa B (NF-kB) que é ativado pelas citocinas que falamos anteriormente que aumenta ainda mais suas secreções. A angiotensina é prozudida pelo fígado que no seu desdobramento estimula a liberação de aldosterona que é um mineralocorticóide produzido pela adrenal, e o receptor angiotensina I é estimulado pelo aumento de colesterol sérico (=sangue) e deficiência de estrógeno. Lembro que os hormônios femininos produzidos pelo ovário são estrona (E1), estradiol (E2) e estriol (E3). Este ultimo também produzido pela placenta. A aldosterona retém sódio e água no sistema urinário. Os pacientes com aumento de colesterol sérico e LDL e na menopausa tendem a serem mais gordos? Além do controle da dieta, você como médico sugeriria um diurético (aumentar a excreção urinária)? A aterosclerose é uma patologia silenciosa, e aí a responsabilidade do Médico em sempre buscar fazer uma Medicina preventiva diagnóstica além da obrigatória terapêutica. Qual o mecanismo de ação, na prevenção de aterosclerose, pelos flavonóides (polifenóis, ácido alfa-linoleico) presentes, entre outros, no vinho tinto? O que o fibrinogênio tem a ver com essa situação na degeneração senil (envelhecimento)? Vinho tinto é bom para demência e Alzheimer`s? O que é uma disfunção cognitiva em poucas palavras? Álcool em excesso leva a disfunção cognitiva (curva J)? Se os flavonóides (ácido alfa-linoleico) aumentam a concentração de estrógeno, você administrá-los-ia nas mulheres na fase menopáusica? E onde encontrar os flavonóides? Tem em farmácias, puro e liofilizado? E se a paciente na menopausa tiver um tumor ginecológico que depende, sua proliferação, da produção de estrógeno do corpo, você mesmo assim administraria? E como descobrir se o tumor prolifera intensamente com estrógenos? Os flavonóides, sabidamente, tem um efeito protetor contra a úlcera duodenal, hiperplasia prostática e reduz o crescimento de Helicobacter pylori (estômago). Claro, está, que o excesso de álcool pode levar à cirrose, câncer de fígado, diminuição da musculatura estriada, câncer de faringe e laringe e claro, desordem social. A vodka e a cerveja substituem o efeito do vinho tinto?
Está aberto o debate e muito mais nos resta falar.
Um abraço a todos. Hélia Cannizzaro