Esteatose Hepática

A esteatose hepática, depósito excessivo de gordura no parênquima hepático, vem aumentando progressivamente na população mundial, principalmente pela mudança na pós-modernidade dos hábitos alimentares, mais lipídicos. Inclusive, seu diagnóstico muitas vezes é achado de necropsia, em casos de morte súbita ou inesperada. As condições subjacentes mais comumente é o alcoolismo, a diabetes tipo II, obesidade, hiperlipidemia e exposição a produtos químicos tóxicos. A biópsia hepática sempre estabelece o diagnóstico. Ocasionalmente, observa-se uma reação inflamatória à biópsia denominada esteato-hepatite. Há normalmente aumento de TGO e TGP. Os testes sorológicos de hepatite viral são negativos. A cirrose ocorre mais em casos alcoólicos.

Professora, quais os sintomas dessa doença? Aliás, é normal que ocorram? Já que na literatura o fígado é por vezes tratado como "assintomático", é possível que essa doença não apresente sinais clínicos evidentes.

Respondendo essa pergunta de Júlio, pesquisei e vi que realmente a doença é comumente assintomática e alguns sintomas podem ser evidentes quando há um estágio mais avançado da doença (entretando, também há pacientes com grau avançado de esteatose que não apresentam sintomas). Os sintomas mais recorrentes são queixa de peso excessivo no quadrante superior direito do abdome, icterícia, enjoo e até vômito. O diagnóstico só se confirma a partir da biópsia, que é mais comumente indicada apenas para pacientes com sinais clínicos, radiológicos e/ou laboratorais de lesão no fígado. Vale ressaltar que a análise do TGO e TGP é feita para avaliar o grau de lesão do fígado, não sendo portanto um meio de conclusão de diagnóstico.
Professora, qualquer coisa pode fazer uma correção!
Eduardo Moraes

A esteatose hepática evolui para a cirrose principalmente quando estão associadas outras doenças como hepatite B ou C crônica, colestase, doenças metabólicas, doenças autoimunes ou nos que consomem bebidas alcoólicas em excesso.

Professora, encontrei como uma das causas para esteatose hepática o Pós operatório de pacientes submetidos à derivação jejuno-ileal, a senhora sabe explicar o por quê disso?

Professora, um paciente com histórico de acúmulo de gordura no fígado que passa por uma colecistectomia podem ter esse quadro reduzido naturalmente, certo?

SOBRE A RELAÇÃO : ESTEADOSE x ALCOOLISMO
Vi que o acúmulo se dá por diferentes motivos, uma delas é que a oxidação do etanol requer conversão de NAD à forma reduzida NADH. Como se precisa de NAD para a oxidação de gordura, sua depleção inibe a oxidação de ácidos graxos, assim causando acúmulo de gordura dentro dos hepatócitos (esteatose). Uma parte do excesso de NADH pode ser reoxidada na conversão de piruvato em lactato.
A lesão dos hepatócitos também diminui a capacidade de oxidação dos trglicerideos.

Identificação:

O paciente pode apresentar alterações em exames de sangue relativos ao fígado, a Esteatose Hepática é a causa mais comum de elevação das enzimas do fígado em exames de sangue de rotina, aumento do fígado detectado ao exame físico realizado pelo médico, ou ainda por métodos de imagem, como a ultrassonografia de abdome, tomografia ou ressonância magnética. A Esteatose também pode ser suspeitada quando o paciente apresenta obesidade central (aumento do diâmetro da cintura em relação ao quadril).

Tratamento:

Esta doença é reversível, mas para que o processo de reversibilidade ocorra é necessário que haja a identificação das causas de infiltração da gordura, para que seja possível a aplicação de tratamento mais específicos. Sendo necessário a avaliação e orientação multidisciplinar, com acompanhamento médico e uso de medicação em casos especiais, acompanhamento nutricional e atividade física programada.

Obs: Um fato curioso é que a Esteatose Hepática pode estar presente em crianças, nos primeiros anos de vida isto acontece em decorrência da presença de doenças metabólicas que se não forem tratadas corretamente podem desencadear danos irreversíveis ao fígado. Já em crianças mais velhas e adolescentes as causas são semelhantes as encontradas em adultos.

Sobre métodos de diagnóstico:

A esteatose hepática vem chamando a atenção dos pesquisadores pelo fato da possibilidade de progredir para alterações necroinflamatórias e para cirrose. Quando diagnosticada precocemente, pode-se impedir que esta doença progrida para estágios finais e irreversíveis de cirrose hepática, por isso a importância de um diagnóstico cedo. A biópsia hepática percutânea tem sido o padrão de referência para o diagnóstico da esteatose hepática, porém, é um método com controvérsias por ser invasivo e por ter chances de complicações, dessa forma, métodos de diagnóstico por imagem, como ultrassonografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas são bastante utilizados também.
A tomografia computadorizada vem ganhando espaço no diagnóstico das doenças abdominais e tem sido uma importante ferramenta na esteatose hepática. Para isso, tem sido desenvolvido aparelho de TC com múltiplos detectores, o que permite a agilidade dos exames e uma maior comodidade para o paciente. Por outro lado, os efeitos nocivos da radiação ionizante, inerentes ao método, têm sido motivo de preocupação.

Grande Julio Zoe
Eu posso e devo tratar este tema de forma mais extensa, quando tempo tiver.
De forma bem prática, esses pacientes cursam com empachamento (que não é obrigatório) que
exige diagnóstico diferencial com colelitíase (cálculo de vesícula biliar).
Normalmente, é uma achado de Imagem, com depósito excessivo de gordura no parênquima hepático.

juliozoe escreveu:

Professora, quais os sintomas dessa doença? Aliás, é normal que ocorram? Já que na literatura o fígado é por vezes tratado como "assintomático", é possível que essa doença não apresente sinais clínicos evidentes.

ECMoraes
Lembrando, que transaminase glutâmica oxalacética (TGO) e glutâmica pirúvica (TGP) são moléculas
intra-celulares, e nas lesões parenquimatosas (com rompimento celular, que não é o caso da
esteatose) essas moléculas são liberadas nos sinusoides, caem na corrente sanguínea e
podem ser dosadas no sangue

ecmoraes escreveu:

Respondendo essa pergunta de Júlio, pesquisei e vi que realmente a doença é comumente assintomática e alguns sintomas podem ser evidentes quando há um estágio mais avançado da doença (entretando, também há pacientes com grau avançado de esteatose que não apresentam sintomas). Os sintomas mais recorrentes são queixa de peso excessivo no quadrante superior direito do abdome, icterícia, enjoo e até vômito. O diagnóstico só se confirma a partir da biópsia, que é mais comumente indicada apenas para pacientes com sinais clínicos, radiológicos e/ou laboratorais de lesão no fígado. Vale ressaltar que a análise do TGO e TGP é feita para avaliar o grau de lesão do fígado, não sendo portanto um meio de conclusão de diagnóstico.
Professora, qualquer coisa pode fazer uma correção!
Eduardo Moraes

Jessica Xavier
É muito raro, esteatose após derivação jejuno-ileal. Por exemplo, num tumor de jejuno parte do intestino delgado é
retirado e faz-se uma junção término-terminal entre o duodeno e o íleo.
Li um trabalho recente sobre este tema, em camundongos.
O trabalho não é esclarecedor, mas tem como hipótese que o encurtamento do intestino delgado levaria
a uma menor descarga de ácido glicocólico e ácido taurocólico e, consequentemente, maior depósito de
gordura no fígado. Não há muita lógica, para mim, porque os receptores do duodeno se mantêm.

jessica.xavier escreveu:

A esteatose hepática evolui para a cirrose principalmente quando estão associadas outras doenças como hepatite B ou C crônica, colestase, doenças metabólicas, doenças autoimunes ou nos que consomem bebidas alcoólicas em excesso.

Professora, encontrei como uma das causas para esteatose hepática o  Pós operatório de pacientes submetidos à derivação jejuno-ileal, a senhora sabe explicar o por quê disso?

Charles Albuquerque
Grande Charles, Bom Amigo
Exatamente.
Os emulsificantes das gorduras têm o trajeto pela vesícula biliar.
Absorve-se, menos gordura. Esta é a lógica.
Por outro lado, após colecistectomia há a necessidade de uma revisão nutricional,
pois na ausência da vesícula, o processo digestório não se faz completo.
Um bom medicamento pós-operatório, neste caso, é a metionina.

charlesalbuquerque escreveu:

Professora, um paciente com histórico de acúmulo de gordura no fígado que passa por uma colecistectomia podem ter esse quadro reduzido naturalmente, certo?

Cassio Dantas
Nesta próxima sexta, darei uma Palestra sobre Imunidade e Esteatose.
Num novo conceito sobre tecido adiposo X stem cell.
Gostei de suas imagens e já salvei-as.

Cassio Dantas escreveu:

SOBRE A RELAÇÃO : ESTEADOSE x ALCOOLISMO
Vi que o acúmulo se dá por diferentes motivos, uma delas é que a oxidação do etanol requer conversão de NAD à forma reduzida NADH. Como se precisa de NAD para a oxidação de gordura, sua depleção inibe a oxidação de ácidos graxos, assim causando acúmulo de gordura dentro dos hepatócitos (esteatose). Uma parte do excesso de NADH pode ser reoxidada na conversão de piruvato em lactato.
A lesão dos hepatócitos também diminui a capacidade de oxidação dos trglicerideos.

Daniela Moura
Busque ver a classificação de Friedrickson sobre quilomicrons e outras lipoproteínas.
Você vai achar interessante, quando perceber essas alterações metabólicas.
Do Tipo I ao Tipo V

Daniela.Moura escreveu:

Identificação:

O paciente pode apresentar alterações em exames de sangue relativos ao fígado, a Esteatose Hepática é a causa mais comum de elevação das enzimas do fígado em exames de sangue de rotina, aumento do fígado detectado ao exame físico realizado pelo médico, ou ainda por métodos de imagem, como a ultrassonografia de abdome, tomografia ou ressonância magnética. A Esteatose também pode ser suspeitada quando o paciente apresenta obesidade central (aumento do diâmetro da cintura em relação ao quadril).

Tratamento:

Esta doença é reversível, mas para que o processo de reversibilidade ocorra é necessário que haja a identificação das causas de infiltração da gordura, para que seja possível a aplicação de tratamento mais específicos. Sendo necessário a avaliação e orientação multidisciplinar, com acompanhamento médico e uso de medicação em casos especiais, acompanhamento nutricional e atividade física programada.

Obs: Um fato curioso é que a Esteatose Hepática pode estar presente em crianças, nos primeiros anos de vida isto acontece em decorrência da presença de doenças metabólicas que se não forem tratadas corretamente podem desencadear danos irreversíveis ao fígado. Já em crianças mais velhas  e adolescentes as causas são semelhantes as encontradas em adultos.

Mayara Figueiredo
Gostei quando mencionou que a biópsia hepática percutânea é invasiva e pode
levar a graves complicações. Por Imagem é mais seguro.

mayara.figueiredo escreveu:

Sobre métodos de diagnóstico:

A esteatose hepática vem chamando a atenção dos pesquisadores pelo fato da possibilidade de progredir para alterações necroinflamatórias e para cirrose. Quando diagnosticada precocemente, pode-se impedir que esta doença progrida para estágios finais e irreversíveis de cirrose hepática, por isso a importância de um diagnóstico cedo. A biópsia hepática percutânea tem sido o padrão de referência para o diagnóstico da esteatose hepática, porém, é um método com controvérsias por ser invasivo e por ter chances de complicações, dessa forma, métodos de diagnóstico por imagem, como ultrassonografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas são bastante utilizados também.
A tomografia computadorizada vem ganhando espaço no diagnóstico das doenças abdominais e tem sido uma importante ferramenta na esteatose hepática. Para isso, tem sido desenvolvido aparelho de TC com múltiplos detectores, o que permite a agilidade dos exames e uma maior comodidade para o paciente. Por outro lado, os efeitos nocivos da radiação ionizante, inerentes ao método, têm sido motivo de preocupação.

Fatores predisponentes da doença : Pessoas que ingerem bebidas alcoólicas em excesso, que sofrem de obesidade, que têm diabetes mellitus mal controlada, que tomam certos medicamentos (corticóides, aspirina, metotrexato, vitamina A, amiodarona, ácido valpróico, tetraciclina), que contactaram com produtos químicos tóxicos para o fígado, que têm carências alimentares (baixa ingestão de proteínas), que foram submetidas a cirurgia de bypass intestinal para tratar obesidade mórbida, que têm doença de Gaucher ou doença de Niemann-Pick.1 Morfologicamente é difícil diferenciar o fígado gorduroso alcoólico do não-alcoólico.

Helia, existe alguma relação da esteatose hepática com a resistência a insulina ? Pode haver esplenomegalia nos casos de esteatose mais avançada ?

Arthur
Com resistência à insulina eu desconheço, mas posso pesquisar.
Com relação à esplenomegalia concomitante pode ocorrer, mas é infrequente, exceto nos casos em que o acúmulo lipídico é extenso no espaço porta obstruindo o retorno da mesentérica e da esplênica

arthurMorais escreveu:

Helia, existe alguma relação da esteatose hepática com a resistência a insulina ? Pode haver esplenomegalia nos casos de esteatose mais avançada ?

Professora, além dos tratamentos convencionais, encontrei um artigo que relata que a vitamina E pode ajudar no tratamento de esteatose hepática.

Não existe tratamento específico para a doenca, mas recomenda-se que os portadores da doença reduzam seu peso, caso estejam acima dele ou sejam obesos, sigam uma dieta balanceada, que pode incluir alimentos fortificados, aumentem a atividade física, e evitem o consumo de álcool e o uso de medicamentos desnecessários. O estresse oxidativo parece estar aumentado no fígado de pacientes com esteatose hepática, e antioxidantes como a vitamina E estão sendo experimentalmente testados como um tratamento para tal distúrbio. O tratamento com a vitamina E foi associado com um índice significativamente mais alto de melhoria na EHNA em comparação ao placebo (43% vs. 19%).
Ambos os tratamentos também reduziram os níveis sanguíneos de enzimas hepáticas, demonstrando um efeito positivo sobre a saúde do fígado como resultado desses novos tratamentos. No entanto, o tratamento com a pioglitazona resultou em um ganho de peso de 4,7 kg durante o estudo de 96 semanas.
Essas observações são interessantes porque demonstram claramente o efeito positivo do tratamento com vitamina E, semelhante ao que foi observado com a droga contra diabete, mas sem os aumentos concomitantes do peso corporal.

Professora, encontrei a esteatose hepática sendo relacionada à gravidez, mais especificamente ao "fígado gorduroso agudo da gravidez", no caso, caracterizado por infiltração gordurosa microvesicular e pequena necrose hepatocelular.
Esta relação está correta?